Esta semana verifiquei algumas situações que me fizeram pensar sobre o sistema educacional que temos e os desafios que estão surgindo com a tecnologia.
Como quase todo mundo, tenho determinados assuntos que me interessam mais que outros. Na verdade, sempre tive meus “hobbies temporários”, ou seja, assuntos que me interessaram muito por um determinado período, e depois perderam a graça – pelo menos para mim.
Mas mesmo assim, participo de vários grupos e fóruns nas redes sociais sobre esses assuntos que me interessam ou interessaram algum dia, e percebo, bastante triste, que um problema persiste em todos eles: as pessoas não leem. Ou por pura preguiça, ou por não compreenderem o que estão lendo. Isso faz com que informações básicas sobre determinado assunto, que estão disponíveis em qualquer lugar em tempos de internet, não sejam minimamente compreendidas pela população em geral.
Como resultado temos milhares de tratamentos especiais que curam tudo, procedimentos mágicos que resolveriam determinadas dificuldades instantaneamente, e assim por diante. Pior que isso, essas pessoas passam a ter uma certa credulidade invertida, ou seja, acreditam no que não existe e desdenham o que é cientificamente comprovado.
Mas o que esse problema tem a ver com a tecnologia e nosso sistema educacional? Tudo. Basicamente todo o conteúdo de primeiro e segundo grau, e muito dos conteúdos de cursos de graduação, pode ser acessado e estudado gratuitamente na internet. Já é possível encontrar alguém que estudou fora dos meios tradicionais e que conhece mais de determinado assunto que alguém graduado no mesmo. E isso faz com que tenhamos a possibilidade de uma revolução drástica no ensino, pois torna muitas instituições de ensino obsoletas.
Os mais velhos (?) devem lembrar do início da década de noventa, quando ainda tínhamos muitas máquinas de escrever e o curso de datilografia ainda era algo tido como importante, mas ao mesmo tempo já chegavam ao mercado alguns computadores que apesar de lentos e cheios de falhas, prometiam aposentar o sistema antigo. Basicamente é o que temos na educação neste momento. Um sistema instalado, mas algo novo e superior surgindo à frente.
Mas qual será o maior desafio nesse novo sistema? Justamente a leitura. De que adianta ter todo o conhecimento do mundo à sua frente, se você não sabe interpretá-lo corretamente, ou pior, tem preguiça de fazê-lo. O segundo desafio será o próprio sistema atual, que aos poucos será demolido e sobre ele ressurgirá algo novo. Ou não, pois essa “demolição” irá enfrentar muita resistência.
Como eu imagino que seria a escola ideal dentro de algumas décadas caso consigamos mudar? Simples. Será focada em estimular o “autodidatismo”. Basicamente com turmas muito pequenas, de 5 a 8 alunos ainda na educação infantil, justamente pelo apelo por atenção e carinho que crianças nessa fase dispensam. Mas à medida que os alunos envelhecem, turmas cada vez maiores e com professores mais distantes, servindo o educador cada vez mais como um “orientador” ou “tutor”, apenas indicando fontes de pesquisa e direcionando os assuntos, e não como a figura principal do ensino. Numa classe de segundo grau, imagino turmas de 500 a 800 alunos, que apenas se reúnem para debater temas previamente pesquisados individualmente em casa. Bem ao estilo dos cursinhos de hoje. Provas? Sim, mas eletrônicas, com correção imediata pelo sistema.
E na graduação? Teremos o avanço cada vez maior do ensino à distância, ou em alguns casos, como nas ciências agrárias, parte a distância e a parte necessariamente prática sendo presencial.
Ficção científica? Provavelmente. Afinal, se nosso sistema atual não estimula o básico, que é a leitura e interpretação de textos, vamos continuar um bom tempo ainda na fase da “máquina de escrever”.
Novas tecnologias e nossa educação
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