O Cerco, a vida real e a Nutella

No próximo dia 9 de fevereiro a Lapa comemora o episódio da resistência republicana à revolução federalista. É interessante notar que, em comemorando este dia, estamos festejando uma derrota. No dia 9 de fevereiro foi assinada a rendição da cidade para os maragatos, que passaram quase trinta dias lutando e castigando a cidade. Os moradores sofreram muito durante o episódio e existem até hoje boatos de que os mandatários da cidade, os coronéis e seus parceiros dividiram o dinheiro que veio do Governo Federal para a reconstrução da cidade. Boatos ou não, as histórias estão aí.

Pessoas comuns, com suas vidas comuns foram levadas ao centro do turbilhão de violência e assassínio que caracterizou o Cerco da Lapa. Mesmo depois da rendição as ‘degolas’ continuaram por muito tempo. O episódio tem uma característica militar, mas quem lutou na verdade foram os cidadãos comuns, escravos e suas famílias.

Fazendo um paralelo com os dias atuais, a vida real é assim mesmo. Os líderes brigam, discutem, se desentendem e lançam novas modas, e quem realmente vai sofrer com isso é o povo, o cidadão comum.  Políticas nacionais refletem no seu vizinho mais pobre e também na conhecida ‘classe média’. Essa é a vida real. Essa é a vida que você e eu vivemos, quando políticos ‘inteligentes’ implantam determinadas idéias. A distância entre os líderes e seu povo é cada dia maior, gerando uma insensibilidade com os pequenos problemas que todos temos.

Onde entra a Nutella nesta história? A geração que está sendo criada agora não tem contato com o mundo real. Vivem de aparência nas redes sociais e depois de criar um modelo de perfil, precisam imitar a mentira que contam quando do contato social. É como se nós planejássemos ser legais, decentes e politicamente corretos tamanho é o conforto e o desapego que as redes proporcionam. Tem gente se preocupando com tudo, mas só na rede. É como se todos fôssemos os líderes que tem o direito de mandar ‘alguém fazer alguma coisa’. A distância que estamos criando entre o que é de verdade e o mundo de aparências na internet, dificulta o contato social, cria indivíduos mimados que reclamam de tudo, mas não agem. Os líderes de outrora, do alto de seus gabinetes eram assim. Mandavam e os outros faziam.

Enfim, prá não estender muito mais, é bom notar que a internet faz parte do nosso mundo real, mas a pegadinha aqui é que não devemos só ficar na frente da telinha. Devemos sair e olhar o mundo com os pés no chão, conversar cara a cara com as pessoas, sentir o carinho do contato humano e, principalmente, sermos quem somos e não quem nós inventamos para o perfil do Facebook.

É isso!

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Aramis José Gorniski


Entre em contato com Aramis José Gorniski: aramizinho@gmail.com