DO ADULTÉRIO

A pregação, ensino e confissão de Jesus Cristo auferem benefícios corpóreos que a razão e inteligência não conseguem dimensionar fora da fé que é dádiva do Espírito Santo. Ele diz: “Ouvistes que foi dito aos antigos: “Não cometerás adultério”. Eu, porém, vos digo: quem olhar para uma mulher e a cobiça, já cometeu adultério com ela em seu coração. Se teu olho te escandaliza, arranca-o e joga-o fora. É melhor que se perca um de teus membros e não seja todo o corpo lançado ao inferno; se tua mão direita te escandaliza, decepa-a e joga-a fora. É melhor que se perca um de teus membros e não seja lançado ao inferno todo o corpo” – Mt 5.27-30. A fé carnal não é sinônima com a fé que o Espírito Santo gera, mediante a Palavra.

Até mesmo após ser regenerado pelo batismo e pelo Espírito Santo, a pessoa, já que vive em carne e sangue pecaminoso, por natureza, é impossível viver sem qualquer inclinação pecaminosa e não, não apenas no que diz respeito ao mandamento de Deus – Não adulterarás – mas, também, em relação a todos os demais. Por isso mesmo não se deve exagerar, como se alguém, quando é tentado e sente que surge nele desejo carnal e cobiça por outra mulher, tivesse que ser condenado. É o consentimento com a cegueira do pecado que lança na aflição!

Os doutores da Igreja, entre eles Tomás de Aquino, estabelecem uma diferença – e eu me pergunto se isto não é consolador para consciências atribuladas e angustiadas – ao dizerem que um mau pensamento involuntário não é pecado mortal. Se alguém lhe ofendeu, é inevitável que o coração o sinta e que se comova, comece a palpitar por vingança. Isso, porém, ainda não é condenável, desde que não decida partir para as vias de fato, mas, sim, pela fé ao modo da Palavra, resiste a esse impulso carnal. O mesmo acontece no presente caso em relação à cobiça do consorte alheio. Nós não podemos por nossa própria razão e inteligência evitar que os inimigos espirituais – diabo, mundo e carne – disparem maus pensamentos e desejos pecaminosos no nosso coração. Mas, a questão é, via fé, oração e intercessão, não deixar essas setas ali cravadas, criando, no oculto, as raízes. É preciso, mediante confissão e absolvição, em particular, imediatamente, arrancá-las e jogá-las fora, por força e presença do Espírito Santo em nossa vida. Faze o que, certa vez, ensinou um pai para o seu filho: Eu não posso evitar que os passarinhos voem sobre a minha cabeça, mas, posso, sim, evitar que façam seu ninho em meus cabelos ou que me biquem o nariz. Um conselho, pertinente, sem dúvida!

Não está em nosso poder e arbítrio evitar a cobiça ou outra tentação carnal: Que não surjam pensamentos pecaminosos. Mas a questão é: Que fiquem nisso e que não consintamos com eles de fato e de verdade, por mais que ‘batam à porta’. E, que não permitamos que se enraízem em nossa vida e viver mascarado e ausente de caráter. Que a cobiça e as tentações não se transformem em propósito e consentimento! Não obstante, isso é pecado. Fica incluído, no entanto, no perdão geral que pedimos, diariamente, no Pai Nosso. Porque, em verdade, nós não podemos viver na carne sem uma grande porção de pecados nos seduzindo e cada qual tem que ter seu ‘diabo’, como, também, o apóstolo Paulo se queixa em Romanos 7.17-18 do pecado que habita nele, e diz que em sua carne não habita bem nenhum, etc.

Deus ordenou em Seu Mandamento: Não adulterarás. Isto significa: Nós devemos temer a amar a Deus e, portanto, viver uma vida casta e decente em palavras e ações, e cada qual ame e honre seu consorte. Quem observa este mandamento é muitíssimo beneficiado!

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com