O fracasso previsto

Não costumo acompanhar noticiários de TV, apenas via internet, mas na última semana, acabei tendo um tempinho antes de ir para o trabalho e resolvi ligar na Globo, e passava aquele jornal da manhã. Não peguei a notícia inteira, mas me chamou a atenção que passava uma reportagem falando que os trabalhadores estão aceitando redução salarial para evitar o desemprego. Aquilo ficou ‘martelando’ na minha cabeça.

No mesmo dia, minha esposa, que é professora, me encaminhou uma mensagem no whatsapp originária da APP Sindicato, convocando greve dos professores, pedindo, entre outras coisas, a reposição salarial.

Vejam bem: não sou contra professor ganhar bem. Acho até que é necessário. Até ano passado também fui professor PSS para o Estado. E ainda, como minha mulher é professora concursada, uma melhoria do salário dela seria bastante benéfica para o orçamento da família. Mas é viável?

Dai com as duas informações, comecei a pensar a respeito. Para os professores conseguirem atingir seus objetivos, precisarão afetar de alguma forma o Governador, que é político. Mas políticos só são impactados pela opinião pública. Qualquer coisa que não afete positivamente ou negativamente a opinião pública é irrelevante para um político.

Comecei então a imaginar como será a visão dos pais ao receberem a notícia que os filhos não terão aula, porque os professores querem um reajuste em um país onde as pessoas estão aceitando ganhar menos para poder manter seus empregos. Será que existirá apoio popular? A resposta não demorou a vir. Nas redes sociais os professores grevistas estão sendo rotulados das piores formas possíveis.

Mas circulando estas redes, percebo que a falta de apoio aos professores está principalmente no fato da divisão política que tivemos nos últimos anos. É sabido e notório que a APP Sindicato, através de seus dirigentes, usou – e ainda usa – a entidade para fins políticos, apoiando justamente o lado sujo da política nacional. Não existe manifestação de professor que não apareça frase de “Lula Livre”. Nos últimos anos, a maior parte das atividades sindicais pode sofrer grandes questionamentos sobre sua finalidade: era para defender os professores ou para manipulá-los para criar um falso apoio à esquerda?

Neste ponto, cabe lembrar: professor é pessoa como qualquer outra, e todos tem direito a se manifestar, independente do lado que opte seguir. Mas uma coisa é manifestação pessoal, outra é como categoria. Então cabem dois questionamentos: a posição política da APP Sindicato efetivamente representa a maioria dos professores? E como essa posição política afeta o apoio popular em tempos em que a podridão da esquerda está escancarada?

Tenho severas dúvidas quanto à representatividade da APP. Os professores que são contrários ao pensamento sindical tradicional costumam ser demonizados e não conseguem ascender na estrutura, então os que não apoiam políticas de esquerda são sempre sub-representados.

Por outro lado, no atual cenário em que ninguém consegue ver seriedade, honestidade e nem representatividade na esquerda, manifestações como a que ocorreu na segunda feira em Curitiba impactam negativamente na opinião pública.

Arrisco a dizer que esta greve vai acabar negativamente para os professores, e se o Governador endurecer, ainda aumentará sua popularidade. Mas parece-me que nem a APP nem os professores estão se apercebendo disso, senão discutiriam formas alternativas – se existirem – de atingir seus objetivos. Esperar para ver.

 

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