O ócio que deixamos ser criado

Discutir programas sociais é muito complicado. Por um lado existe o sentimento de humanidade e a educação cristã que nos impelem para fazer bem ao próximo e trata-lo como gostaríamos de ser tradados. Por isso não é fácil ignorar uma pessoa que esteja com fome ou desvalida de recursos mínimos para viver. Por outro lado, como empresário e empreendedor, vejo que existem inúmeras chances de toda e qualquer pessoa trilhar seu próprio caminho na economia, seja através da prestação de serviços que for, desde que feito com capricho.

Uma grande dificuldade existente em nosso tempo é encontrar bons profissionais para as manutenções e reparos mais básicos de alvenaria, hidráulica e elétrica. Isso é um nicho de mercado que, se bem aproveitado, pode tirar muita gente da miséria através do honrado trabalho diário. Também a produção e venda de pães, doces e salgados, produzidos artesanalmente, agradam muito aos clientes quando o produto é de qualidade e tem uma constância na produção e distribuição. Aquela tia que vem vender empadinhas toda semana, inclusive acaba fazendo parte do cotidiano dos clientes e é tratada com muito respeito.

Desde a redemocratização temos visto, mesmo que goela abaixo, um movimento muito grande para criar ações e programas sociais, visando atender o mais vulnerável em todas as suas necessidades. Desde o vale-gás até o bolsa família, passando por auxilio detenção e muitos outros programas, sem o devido trabalho de capacitação e reinserção do indivíduo no mercado de trabalho, criam uma classe de pessoas que se contentam com o pouco que é dado de graça pelo Estado, às custas de impostos de todos.

Não sou contra programas sociais que auxiliem as pessoas em momentos vulneráveis. Sou contra a manutenção “ad eternum” destes auxílios. Uma ideia boa que nunca foi colocada em prática é a de pagar o benefício social somente por um período pré-determinado, durante o qual o Estado ofereceria capacitação para o cidadão poder voltar a produzir a própria riqueza.

É interessante notar que, mesmo aqui na Lapa ou em Contenda, existem cursos gratuitos das mais diversas profissões ou atividades, voltadas exclusivamente para os públicos mais vulneráveis, mas que praticamente nunca podem ser realizados pela baixa procura.

Assim como alimentar quem tem fome é importante, ensinar a este indivíduo como conquistar o próprio sustento também é. Mas dá trabalho. E trabalho é uma coisa que de trinta anos para cá está se tornando sinônimo de ofensa. Trabalhar é um fardo e não uma dádiva.

O Brasil precisa repensar sua estrutura social. É muito mais digno tirar o vulnerável da pobreza através do trabalho e do empreendedorismo próprio, através de incentivos e capacitação, do que manter o indivíduo na miséria limitada pelo valor recebido pelos projetos sociais.

O que estamos criando é um grande monstro. Uma geração inteira de pessoas estatizadas, dependentes em tudo do governo, sem iniciativa e sem capacitação.

Ideal para políticos. Indecente para quem paga impostos.

 

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Aramis José Gorniski


Entre em contato com Aramis José Gorniski: aramizinho@gmail.com