O poder de mudar

Esta semana fui solicitado a tecer alguns comentários sobre o engajamento da juventude na gincana da Lapa. Sim, merecem elogios – em partes. Elogios porque a capacidade de engajamento da juventude está bem visível. Quando querem, eles conseguem se mobilizar e fazer grandes coisas. A gincana é o exemplo mais recente. Os elogios são parciais por algumas dificuldades que aparecem no processo: a primeira é que este engajamento só se dá a algumas causas – no caso da gincana, diversão, pura e simples. Calma, não estou dizendo que é errado, apenas que existe uma dificuldade de criar estes movimentos juvenis para outras causas. E não acho que isso seja erro necessariamente dos jovens.

Em minha infância e adolescência lembro que existiam várias entidades na Lapa com fins sociais. Tínhamos um Rotary atuante. Uma Câmara Júnior funcional. Associações de todo tipo. Pastorais com muito engajamento. Movimento de Irmãos. Grupos de Jovens. No meio ambiente tínhamos a ADEPAL e mais algumas. Enfim, várias entidades criadas pela geração que hoje está com mais de sessenta anos, onde a minha geração, do povo com trinta a cinquenta, participava e aprendia muita coisa – e criava círculos virtuosos de ações do bem em nosso município.

Minha geração acabou criando esse “hiato” de entidades, pois não me parece que nenhuma das citadas acima se manteve nem foi substituída a contento. E com isto os jovens, aqueles que tem até seus vinte e cinco anos, não tem mais aonde se aglutinar para poder influir na sociedade.

Interessante que escrevendo aqui lembrei do caso da cadelinha “Fofa”, cuja história escrevi aqui, de forma parcial, no ano passado. Na ocasião, eu precisava de ajuda para uma cirurgia cara para um animal de rua encontrado atropelado na estrada do Piripau, e pedi ajuda aos jovens dos colégios São José e agrícola. Fui surpreendido com o engajamento e poder de atuação deles. Para mim, isso prova que esta geração pode sim ser mobilizada para causas nobres. Mas falta justamente algo que aglutine essa “força de mudança” que é própria da juventude, e a direcione para causas importantes à sociedade e cidade lapeana. Na minha adolescência, eram as entidades que citei acima que faziam isto.

Várias vezes me peguei pensando em tudo que aprendi participando da Câmara Júnior. Um exemplo é que eu não conseguia falar em público (tremia como vara verde), e hoje dou aulas e palestras onde for preciso. Na ADEPAL aprendi a fazer projetos mais organizados. O Movimento de Irmãos me forneceu uma enorme família que ainda hoje estimo – os vários casais que participavam na época, e que considero ainda hoje como “tios e tias”. Então na prática, o impacto das ações destas entidades que existiam na época foi benéfico não só para a sociedade, mas também para a minha formação pessoal, e de todos os jovens que estavam ali também.

Será que não está na hora de a geração que faço parte, o povo que tem entre 30 a 50 anos, começar a criar mais opções de ação para a próxima geração? Falando por mim, não é de hoje que me incomoda a situação da Praça do Quebra Pote – até escrevi sobre isto a algumas semanas… e depois de toda essa reflexão, estou pensando em alguma forma de engajar essa juventude para que eles adotem e cuidem daquele espaço. Se dará certo, não sei. Mas se eu engajar pelo menos um jovem, sei que ele sairá melhor que começou, e só isto já fará a cidade melhorar.

E você, leitor… Tem alguma ideia para movimentar nossos jovens? Que acha de botar em prática?

 

Please follow and like us:

Administrador

Há 42 anos trazendo para você leitor informações sobre a Lapa e região. "O pequeno grande Jornal".
Entre em contato com Administrador: tribunalapa@gmail.com