O problema atual do Brasil

Não, leitor, não falarei da greve dos caminhoneiros. Não que discorde deles, mas é que estou escrevendo na terça feira, e esta edição circulará no fim de semana. Com isso, qualquer coisa que eu fale aqui que seja novidade, pode ser notícia muito antiga – e talvez até sem relevância – quando for publicada.

Mas vou concentrar num artigo que li nesta semana e que tem tudo a ver com o motivo real da greve, ou seja, os altos impostos que temos.

Estamos acostumados a ir ao mercado e ao fazer compras, encontrar no cupom uma estimativa de impostos que pagamos naquele produto. A grande questão é o quanto nós somos enganados. Primeiro por sermos forçados a pagar impostos tão altos. Segundo que aqueles números são estimativas, pois a carga tributária no Brasil é tão confusa que aqueles percentuais podem estar totalmente errados, por simplesmente não ser possível um cálculo exato. Mas o foco do artigo que li é um erro que todos cometemos, e que nos faz passar ainda mais por trouxas.

Procurei um comprovante qualquer e achei um de uma loja de roupas, onde o total da compra foi de R$ 65,80. Segundo estimativas do IBPT, R$ 21,11 do total desta compra são destinados ao governo na forma de impostos. Portanto, conclusão óbvia seria que R$ 21,11 em R$ 65,80 representam algo como 32%. E assim, nos assustamos que um terço da compra é imposto.

Mas o que me chamou a atenção é a visão apontada pelo artigo, que compara a forma de tributação em outros países com a brasileira. Nos EUA, se você tem um imposto de 3% (número que criei para exemplo), os comerciantes anunciam o preço do produto, e sobre ele, aplicam o imposto.

Portanto, se você gasta R$ 100, é lógico que irá pagar R$ 103. Mas vejam que a diferença é que o percentual de imposto é calculado sobre o valor do produto, e não sobre o valor final. E isso dá uma diferença grande.

No caso da compra de roupas, lá em cima, se R$ 65,80 é o preço final, então temos R$ 44,69 de produtos, e o imposto é R$ 21,11. Aplicando o cálculo de percentual como fazem nos outros países, teríamos que comparar R$ 21,11 com o R$ 44,69, e não com o valor final de R$ 65,80, como fazemos aqui. Se fizermos isso chegaremos à um imposto de 47%, e não de “apenas” 32%.

Achou pouco? Então vamos aplicar o mesmo cálculo aos combustíveis. Tenho aqui uma nota fiscal de gasolina, no valor de R$ 40,00. Segundo a nota, o IBPT considera que os tributos são de 47,93%, portanto, R$ 19,17 – quase metade do valor.

Só que isso quer dizer que o valor REAL da gasolina é de R$ 20,83, e os impostos de R$ 19,17. Aplicando a forma de cálculo internacional, temos que na verdade pagamos um imposto de impressionantes 92%. Triste, não é?

A situação piora com uma recente pesquisa que mostra que quase a totalidade dos “10% mais ricos do Brasil” são funcionários públicos. Mas não aqueles coitados que atendem o público, não. São a nata da política e do poder judiciário. Mas isso derruba alguns mitos. O primeiro é que o dinheiro está nas mãos dos empresários. Não… apenas uns poucos que também vendem e dependem do governo e de suas tramoias estão entre estes 10%. Aliás, mais da metade dos empresários do Brasil ganham menos que um professor estadual do Paraná.

Mas voltando, a carga tributária tão alta de hoje só se explica para bancar uma pequena elite que vive às custas dos seus impostos. E isso ficou claro para boa parte das pessoas protestando na greve dos caminhoneiros (pelo menos até dia 29): somos nós ou eles.

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