Público, privado e popular

Em meu facebook recebi uma crítica sobre o artigo da semana passada, onde eu afirmo que a Caixa Econômica usa dinheiro do trabalhador (FGTS), remunerando-o a 3% ao ano, e empresta a outros trabalhadores, cobrando até 12% ao ano, e que se fizesse justiça, sem visar tantos lucros, a questão imobiliária brasileira talvez não fosse tão relevante.
É claro que outros bancos praticam o mesmo. Mas tem uma diferença: são privados. Uma instituição privada tem que obrigatoriamente dar lucro, senão não se sustenta. E a quantidade de lucro que tem é razão direta de seu sucesso em nossa sociedade.
Mas uma instituição pública tem outras finalidades. No caso de um banco público, o lucro é muito facilmente relacionado a um imposto disfarçado. Entenda: se a empresa pública der lucro, o dinheiro vai para o Governo, que diz que usará para financiar obras, educação, saúde, etc, etc. Na prática, financia apenas as mordomias infinitas de políticos e funcionários públicos. Já se a empresa pública dá prejuízo, o que acontece? Aumentam-se os impostos, e o prejuízo é coletivizado. Isso aconteceu com a PETROBRAS recentemente. Com o rombo na empresa causado pelos governos Lula e Dilma, a empresa ficou perigosamente no vermelho. Para salvá-la, o que se propôs? Gasolina a R$ 4,00. Esta semana o Governo Temer comemorou que a PETROBRAS voltou a ser a maior empresa brasileira… claro, sem mencionar que fomos nós que cobrimos o buraco.
Desta forma, se o lucro não é coletivizado, então seria lógico não ter lucro, mantendo os preços dos serviços a um valor suficiente para pagar todos os custos e futuros investimentos, mas sem gerar caixa para financiar político. Teríamos uma Caixa Econômica financiando casas com juros de 5, talvez 6% ao ano. Teríamos gasolina a R$ 2 (preço que vendemos para outros países), além de energia elétrica, água, e vários outros serviços bem mais baratos.
“Mas a empresa pública é do povo!” – pode dizer algum leitor. Não. É do Governo. E isso quer dizer que nem sempre – e no Brasil isso é quase sempre – o dinheiro não volta para o povo. Uma empresa “do povo” – ou popular – seria uma cooperativa. A maior cerealista do sul do Paraná é uma empresa do povo – a Cooperativa Mista Bom Jesus. Lá o lucro é dividido para o povo – claro, o povo que aceitou investir nela. Temos vários bancos do povo. Sicredi, Sicoob e Cresol são exemplos. Uma empresa pública todos são obrigados a investir, sem ter o retorno de seu investimento.
E estas empresas “do povo” tem uma diferença gritante. Elas atuam como empresas privadas, ou seja, na busca do lucro. Uma empresa pública normalmente atua tentando manter algum monopólio. Isso dá uma grande diferença, pois para gerar lucro, é necessário ter clientes. Se você não tem monopólio garantido, tem que atender bem. Isso mostra o porquê existem tantas reclamações em empresas públicas e com seus funcionários: não existe necessidade real de atender bem o cidadão, pois o lucro é garantido por monopólio de lei, e os funcionários normalmente tem estabilidade, portanto, se atenderem bem ou não, será indiferente para suas carreiras.
É por estas que defendo a privatização total do Brasil. Chega de obrigar o povo a pagar para criar empresas ineficientes e cujo lucro será apenas para regalo de uma elite pública.

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