Caro leitor, imagine a seguinte situação: Você é contratado por uma empresa para realizar determinado trabalho. Todo dia, você acorda cedo, bate o ponto, executa seu trabalho da melhor maneira possível, encerra o expediente e vai para casa satisfeito pelo dia. No dia seguinte, chega à firma e encontra o mesmo trabalho por fazer, só que com mais detalhes a resolver. Alguém da diretoria da firma decidiu que o trabalho não estava bom e te mandou refazer. Indignado, mas bom trabalhador, você refaz o que havia sido desfeito do dia anterior. No dia seguinte, a mesma coisa. Uma pessoa que tem o poder do mando, mas não tem conhecimento algum da realidade da tarefa à qual você é designado, mandou refazer o mesmíssimo trabalho.
Os dias passam e você já não tem mais o mesmo ânimo, entusiasmo e, muito menos, vontade de realizar sua tarefa, na qual, diga-se de passagem, você é muito bom. Como não adianta realizar o trabalho de forma correta, pois sempre terá que refazer, você passa a deixar prá lá, por indignação e desânimo. Assim o mandante acha que está fazendo sua função em reprovar o trabalho enquanto você faz o possível para cumprir sua tarefa.
Alguma semelhança com a vida real? Sim, leitor. É assim que funciona o trabalho de combate ao crime no Brasil. São diversos os policiais que relatam a indignação que pesa sobre suas cabeças ao executarem prisões e coibirem o crime, para no dia seguinte um juiz simplesmente soltar o malandro sem consequência alguma. Assim o malandro volta a agir e a polícia volta a precisar prender. O juiz volta a soltar e a coisa não tem fim.
Nossa Polícia é uma instituição bem intencionada e dedicada a fazer valer os direitos dos cidadãos de bem, mas seu trabalho é podado no momento em que é mais importante uma ação do Estado, o momento da punição ao bandido. As leis implementadas nos últimos trinta anos dão total respaldo ao bandido e praticamente nenhuma segurança jurídica ao soldado que enfrenta o crime cara a cara. A vítima nem preciso citar, pois não faz parte nenhuma na equação do nosso judiciário.
No caso de um confronto armado entre policiais e bandidos, sempre é o policial que leva a pior. Paga do seu próprio bolso o advogado para lhe defender perante um promotor que o acusa de assassinar uma ‘vítima da sociedade’. Pode ser preso por estar cumprindo sua função e se incomodar por um bom tempo. O Estado, contratante deste policial, não oferece nada para que ele se sinta seguro na função.
Este é apenas um exemplo do que vivemos no País em termos de legislação. Cada vez mais branda para os bandidos e, para o cidadão comum, não mostra segurança. A criação destas leis veio aos poucos e hoje o bandido é tratado como celebridade e não como o criminoso que é. A legítima defesa num caso de roubo ou invasão pode levar o cidadão de bem à cadeia enquanto o bandido se faz de vítima e fica livre antes da vítima.
Onde quero chegar com este texto? Na escolha que teremos que fazer no mês de outubro. Deputados e Senadores são os principais responsáveis por esta situação em que nos encontramos. Teorias de que o bandido é ‘vítima da sociedade’ foram implementadas durante três décadas de ‘redemocratização’.
Repense seus candidatos. Veja o que ele acha da questão de segurança. Afinal, caro leitor, está cada vez mais barato o preço de uma vida. Hoje em dia ela vale muito menos que um celular. E esta vida é a sua.