Não tem como não acompanhar pelas redes sociais o desenrolar do BBB22. Em qualquer das redes tem amigos seus que compartilham vídeos e opiniões sobre o programa. Acaba que você acompanha, queira ou não queira. E eu quis acompanhar.
O desenrolar do jogo está muito diferente de outras edições. Esta semana a única ‘mulher trans’ negra que havia no jogo foi eliminada com mais de 70% dos votos do público e a choradeira dos artistas e defensores da causa foi grande. Segundo eles, ela teria o direito de ficar até a final, somente pela condição sexual. Mesmo que tenha sido traíra dentro do jogo, desleal e tudo o mais, ela, por ter trocado de sexo, deveria ficar, segundo a opinião destes iluminados.
Daí na sequência a menina Natália vai ao paredão. Ela, uma mulher negra, tem vitiligo. Pois bem, antes mesmo de saber da trajetória da menina na casa do BBB, onde ela criou intrigas, fez escândalos, abusou da bebida, tentou aparecer de forma desonrosa, vem uma ex-BBB, a Lumena, acompanhada dos seguidores da nova era dizendo: “Agora vão eliminar a menina negra que tem vitiligo com mais de 80%, ela que teve uma vida inteira de sofrimento e preconceito por sua condição merecia o prêmio.”. Pois bem, note-se que as atitudes e ações da Natália dentro do programa não agradaram o grande público, por sua personalidade fugaz e suas atitudes impensadas. Deu na cara que não é uma pessoa de confiança. Afora isso, deixa-la ficar na casa somente por sua cor de pele e pelo vitiligo, seria sim uma injustiça com os outros participantes.
Outro fato que me chamou a atenção foi um filme de 2020 chamado “Medida Provisória”, com a participação de Lázaro Ramos e Thaís Araújo, o casal de artistas mais sofrido no Brasil depois do fim da Lei Rouanet. O filme é uma distopia apresentando um futuro próximo onde um governo extremista resolve enviar todos os negros do Brasil de volta à África. A produção tem muita ficção e exagero. Mostra praticamente todos os brancos do Brasil como maldosos, delatores e preconceituosos, enquanto o grupo encabeçado pelos atores citados acima cria uma resistência cheia de moral e ética, cheia somente de boas intenções, voltada a retomar as suas liberdades.
O filme pode ser analisado como uma ótima produção, visto ser ficção e a ficção deve mesmo abordar todos os temas. O problema é a grande relação que a produção faz com o atual governo e o momento em que estamos vivendo, de disputa do “nós contra eles”, criado exclusivamente pela esquerda, para poder levantar bandeiras. Falar mal do governo é normal e ninguém pode ser impedido disso. O que discuto aqui é o exagero no uso do preconceito como tema.
Assim como no caso da Linn da Quebrada, a Trans que saiu do BBB, da Natália, a negra com vitiligo que também foi excluída do programa pelo público. Existem pessoas que pensam que apenas a cor da pele ou opção sexual criam necessidades especial. Assim também o filme “Medida Provisória” passa a impressão que todos os brancos do mundo devem ser julgados, simplesmente por serem brancos.
O que vem acontecendo com estes movimentos raciais extremistas é justamente o contrário do que a grande maioria da população acredita. Penso que exageros de um lado provocam reações exageradas de outro e volto a falar uma frase que meu pai me dizia: “Prá mim não existem negros, brancos, gays ou héteros, prá mim todos são pessoas e pessoas merecem respeito”. Não é mais simples apenas respeitar o próximo?