Jesus Cristo, nosso único e suficiente Redentor, disse: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um, e amar ao outro; ou se devotará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao Mâmon” – Mt 6.24.
O ódio à Sua Palavra é deveras ódio a Deus. Isso se dá da seguinte maneira: repreende-se uma pessoa por sua descrença e ganância, lembrando-lhe o primeiro mandamento, “não terás outros deuses”, isto é, a ninguém e nem a nada prenderás teu coração, desejo e amor, senão a Mim, etc. Ela, porém, não suporta ouvir tal repreensão e começa a bater pé e a se exaltar até ficar totalmente amargurada no coração, com ódio venenoso contra a Palavra a fé. “Eu sou Deus zeloso que puno o pecado dos pais nos filhos daqueles que Me odeiam”, com isso Ele está se referindo aos mesmos gananciosos servidores do Mâmon, uma vez que a Escritura chama ganância de idolatria – Cl 3.5; Ef 5.5. Mesmo assim, eles, como já escrevi, reclamam para si os títulos maiores e inimigos da idolatria e dos hereges, e de forma alguma querem levar a fama de odiarem a Deus. Mas a prova contra eles está no fato de não suportarem ouvir ou ver a Palavra Deus quando ela ataca a ganância; querem ficar simplesmente impunes, e quanto mais os recriminamos e ameaçamos, via pregação e ensino, mais ‘se riem’, escarnecem e fazem o que querem contra Deus e todo mundo, sem culpa.
Ora, não é esta uma praga vergonhosa e pecado terrível que nos deveria assustar e levar a uma profunda aversão ao Mâmon, a nos ‘benzermos’ via fé verdadeira na Palavra e a fugir dele como do diabo? Pois quem não haveria de se assustar com o fato de cair sob o juízo e ouvir a sentença de ser considerado inimigo Deus, que não só despreza a Deus, mas preferiria que Ele e Sua Palavra nada fossem, para poder ficar à vontade e ao bel-prazer, para ofensa e desgosto de Deus? Pensa bem o que se dará com tal pessoa. Ela está tomando sobre si um ‘homem’ que, no fim das contas, lhe ficará pesado demais.
Pessoas do Mâmon já estão atormentadas o bastante, como diz texto, pelo fato de serem tão miseráveis, que depositaram seu coração, desejo, amor e prazer totalmente no cômodo secreto, quando deveriam estar no céu e naquilo que é de Deus. Poderia uma pessoa cometer desonra maior do que retirar sua confiança de Deus, que lhe dá tudo de bom e que, certamente, merece nossa afeição, para ‘enfiar’ no diabo e ter seu prazer no seu ‘fedor’ e inferno? Com efeito, ela cai tão completamente na maldade infernal que não só passa a desprezar a Palavra de Deus, mas que Lhe fica que tão mortalmente inimiga, a ponto de desejar que Deus não existisse. Essa é a gratidão que Deus recebe desses gananciosos por lhes dar, diariamente, o corpo e a vida, o sol e a lua e os tesouros que possuem. Eles encontrarão a recompensa e, em parte, já a têm. Sempre terão que engolir o ‘fedor e a imundície’ do diabo.
A primeira parte do texto diz respeito ao Mâmon: “Ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro”. A segunda parte refere-se a Deus: “ou se devotará a um (ou seja, Deus) e desprezará ao outro”. Aqui, Ele não diz simplesmente: “ele há de amar um”, mas mostra o ato e a obra do amor com a palavra “devotar-se”. Pois para quem pretende amar Deus e Sua Palavra, a coisa não será tão fácil. Muitas vezes irá esbarrar em dificuldades, e satã vai lhe azedar e amargar esse amor com frequência. Para isso, importa apegar-se e prender-se à Palavra Deus e jamais se deixar afastar dela, mesmo que nossa própria carne o exemplo do mundo inteiro, juntamente com diabo se lhe oponham e no-la ousem tirar, é deveras preciso ânimo valente para se opor sozinho a tantos inimigos e subsistir. [Segue na próxima edição.]