Seremos resistência!

Passadas as eleições, achei que o clima ia esfriar. Mas fui surpreendido com a convocação de um movimento de resistência a um governo Bolsonaro, com o lema “se fere minha existência, serei resistência”. Desnecessário dizer que em menos de uma semana virou piada, justamente por até o momento não existir nenhuma iniciativa real que prejudique a existência de algo ou alguém por parte do governo eleito.

Mas, daí fiquei imaginando se aplicássemos o mesmo lema ao antigo governo petista e a seus atuais apoiadores. Explico.

O resultado dos 16 anos de governo petista foram a quebradeira geral de empresas no Brasil. Tivemos centenas de milhares de empresas que reduziram seus negócios, e outras tantas que não aguentaram a crise causada por estes governos, e fecharam as portas. Portanto, um novo governo petista fere diretamente a existência de qualquer empresa nacional.

Diante desta perspectiva, e tomando como base o lema do movimento, torna-se justo que estas empresas tomem medidas de resistência. Mas não temos mais um governo petista, então a resistência deveria se dirigir àqueles que querem o retorno destes perdulários: os apoiadores do antigo governo.

Para fazer isto, bastaria verificar as redes sociais de um candidato a emprego. Se tiver apoio a Haddad, apoia o antigo governo, portanto fere a existência da empresa. Neste caso, descarta-se a contratação. O mesmo se dá com prestadores de serviço ou fornecedores. Imagine o impacto que isso teria, social e politicamente!

Parece absurdo, não é? E é sim. Mas mesmo sendo um absurdo ainda é mais coerente do que ver uma “resistência” organizada por pessoas que não estão perdendo absolutamente nada com o novo governo.

É de se esperar que agora, nos próximos anos, tenhamos uma gradual reconciliação entre os dois lados da disputa, e todos devemos trabalhar para isso. Classifico os eleitores dos dois lados em convictos ou de oposição. Os convictos de Bolsonaro são aqueles que acreditavam mesmo que ele é um bom candidato. Já os de oposição são aqueles que votaram nele por achar que o Haddad seria pior. O mesmo se dá do outro lado: eleitores que acreditavam que Haddad seria bom, e os que votaram nele por achar o concorrente muito pior.

Das duas correntes de eleitores convictos não devemos esperar que mudem seu pensamento, mas felizmente estes são minoria. Já os de oposição ao outro devem mudar sua opinião dependendo dos resultados do novo governo, e aí que teremos finalmente a reconciliação.

Mas qualquer movimento de “resistência”, neste momento, só vai prejudicar esta futura reconciliação, e deve, sim, ser encarado como uma piada.

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