Sistema de recompensas e punições na educação

Continuando com o tema educação, que seria mais adequado ser chamado ensino, uma vez que quem educa são os pais, professores apenas ensinam, falemos sobre o sistema de recompensas e punições hoje em uso.
Para o aluno, na década de 70, o ensino era tido como o grande diferenciador do futuro padrão de vida. Pessoas estudadas tinham com certeza melhor desempenho no mundo adulto, e por isso toda a família costumava se esforçar pelo bom ensino do aluno, as vezes até provendo aulas particulares aos pequenos.
Com a popularização do ensino – que não foi algo ruim, apenas mal planejado – tivemos uma grande parte da população com acesso a níveis altos de ensino, mas de um lado não tivemos demanda para tanta mão de obra qualificada, e de outro lado tivemos o surgimento de muitos cursos superiores de qualidade bastante duvidosa. Como resultado temos uma situação hoje que o ensino não é mais diferenciador de padrão de vida, tendo até pessoas com nível de doutorado, para sobreviver, atuando em atividades que via de regra poderiam ser executadas por quem tem menor nível de estudo. Tivemos até um presidente que se gabava de ter crescido na política, mesmo sem ter estudo nenhum!
No campo da punição, o sistema era implacável: não aprendeu, reprova. Foi mal-educado, advertência. Três advertências, ganhava suspensão. Várias suspensões, era expulso daquele estabelecimento de ensino.
Hoje os professores têm até medo de reprovar algum aluno, pois se o fizerem, terão que se afundar em uma quantidade gigantesca de papelada, e ainda poderão responder a processos. Então só os casos muito absurdos mesmo acabam em repetência. Aliado a isso tem a questão da média, que baixou de 7 para 6, e na realidade, como já falei aqui em artigos anteriores, é de 5,6.
O efeito prático de tudo isso é um sistema que não tem nem recompensa e nem punição. Neste caso, porque então estudar? Na verdade, geramos dois problemas: o primeiro é ter uma população ignorante, e o segundo é gastar rios de dinheiro dos impostos em algo sem efetividade. Felizmente ainda temos alunos que gostam de aprender, justamente pelo prazer de compreender melhor as coisas, e esses salvam o sistema.
Mas temos problemas também com o sistema de recompensas e punições para professores. Para a Secretaria Estadual de Educação, professor bom é aquele que não incomoda. Nada a ver com a qualidade das aulas ou como afeta evolução dos alunos no conteúdo. O foco é não incomodar. Ou seja, um professor que tem borrões no seu livro de chamada; que tem reclamações dos pais por ter tentado impor algum tipo de respeito como mandar alunos mal-educados para fora da sala; professores que insistem em fazer provas de nível mais elevado e com isso geram reclamações dos pais por serem “carrascos”; professores que insistem em reprovar quem não se esforçou por um ano inteiro; entre outras situações, esses professores são considerados ruins, e acabam empurrados para um inferno burocrático que não irá dar resultado nenhum, mas irá dar muita dor de cabeça ao professor.
Da mesma forma, professor ganha progressão profissional de acordo com os cursos que tem. Nada a ver com a qualidade das suas aulas. Basta ter mais diplomas. E pensando nisso, uma série de instituições de ensino planejaram vários cursos onde basta fazer meia dúzia de atividades, pagar direitinho, e se ganha o diploma – mas não afeta a qualidade do ensino.
Em outras palavras, o único incentivo que o professor tem de melhorar a qualidade de suas aulas é a satisfação pessoal de ver os alunos progredindo – e posso dizer que muitos professores aqui na Lapa se realizam profissionalmente com isso.
Mas no final das contas, se não for o empenho pessoal de professores e alunos, nosso sistema desestimula que alunos aprendam, e também que professores ensinem. Não está na hora de focarmos melhor o assunto?

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