Na segunda-feira desta semana deixou o convívio deste mundo a Dona Tereza Colaço, com 80 anos de vida e uma história muito linda de trabalho e dedicação à família.
O que é interessante contar sobre esta querida senhora é o exemplo de vida, garra e determinação com que criou seus filhos e viu sua família crescer e prosperar, unida e com muito amor no coração.
Ela perdeu seu marido muito cedo e ficou com a tarefa de criar cinco filhos. Morava na descida pro “cascaiá” numa casa simples de madeira e não tinha banheiro, nem assoalho ou forro. Geladeira para guardar alimentos era um luxo inimaginável.
Trabalhou na roça, em casas de família como diarista e em diversos outros serviços para dar o sustento necessário aos seus e eu que a conheci nos anos 80, quando pequeno ainda, nunca vi ela reclamar da vida ou se queixar das dificuldades. Mesmo sobrecarregada, sempre usava de seu jeito meio maroto prá deixar a vida mais leve. “Dizedeira” como era, não tinha muitas papas na língua, mas sempre tinha uma palavra de conforto e fé.
Dona de uma personalidade forte ela criou seus filhos com rigor, mas também com muito amor e cuidado, ensinando valores como honra, honestidade e o valor do trabalho. Ela mesma era exemplo de tudo isso e na maioria das vezes só o exemplo já educava e orientava.
Ela enfrentou a vida com peito aberto, muita coragem e de forma plena. Chegou ao final da sua jornada sendo muito amada, querida e rodeada por uma imensa família. Seus filhos trouxeram boas pessoas para casa, formando novas famílias com genros e noras que eram amados da mesma forma que seus filhos. Os netos e bisnetos chegaram e a união entre eles foi um dos maiores valores que a querida Dona Tereza ensinou.
Fui ‘criado’ e ‘educado’ também pela Dona Tereza, pois vivíamos brincando na região junto com seus filhos. Muitas vezes fui repreendido por alguma traquinagem, de forma justa e correta, e aprendi também com ela o valor de uma vida simples, mas plena.
Penso que sua partida acendeu em meu coração uma reflexão importante. Temos como ídolos pessoas como artistas, atores ou cantores, às vezes usamos eles como exemplo e até imitamos atos ou atitudes. Estamos errados. Pessoas como a Dona Tereza é que merecem ser nossos ídolos pela garra, dedicação, mas principalmente pela suavidade com que ela conseguia enfrentar uma vida muitas vezes dura e nada doce. Seu exemplo deve ser levado a outras gerações que não tem a mesma coragem de enfrentar seu cotidiano.
Vá em paz, “Nhá” Tereza. Tome um mate com meu querido e falecido pai. Encontre com os seus que já estão à sua espera e saiba que nesta terra sua missão foi muito mais do que cumprida. Foi perfeita.
