Um tubarão no tanque ou um sábio com uma vaquinha

Um título de editorial inusitado e um tanto quanto fora de tempo, mas vem a calhar à união destas duas histórias.

A primeira fala sobre a pesca de atum no entorno do Japão. Os pesqueiros capturavam os peixes e os traziam vivos armazenados num tanque dentro do barco. Os clientes compravam e apreciavam o sabor. Com o tempo o atum no entorno da costa foi ficando escasso e os barcos precisaram ir mais longe, com o mesmo método, porém, mesmo chegando vivos ao mercado os peixes perdiam o sabor, pois ficavam tempo estagnados nos tanques de armazenamento. A solução encontrada pelos pescadores foi capturar a cada empreitada um tubarão, de tamanho pequeno e o soltar junto no tanque, para que os atuns se mantivessem em movimento e o sabor da carne fosse adequado ao paladar. O tubarão, de pequeno porte, comia uma pequena parte da pesca, mas o simples fato de ele estar circulando entre as presas as fazia manter a vitalidade, união e, consequentemente, o sabor ao serem degustados.

A segunda história, do sábio e a vaquinha conta uma possível visita de um sábio a um vilarejo onde existia uma família que tinha uma vaquinha leiteira. Além do leite, vendido no mercado, o pobre agricultor também usava o animal para arar um pequeno pasto, mas vivia sempre na miséria, visto que o rendimento que retornava desse trabalho era pouco. O sábio fala ao seu discípulo para que ele jogue a vaquinha pelo barranco num momento em que a família não estava atenta. Ele, mesmo discordando do mestre, assim o faz. E o tempo passa.

Anos após o mesmo discípulo, que agora era um grande mestre volta àquela pequena vila e ao passar pela propriedade onde sacrificou a vaquinha, estranha a fartura no momento da visita. Curioso, bate à porta e pede um copo com água. Recebido por um jovem forte e bem vestido é convidado a acompanhar o jantar. Durante o jantar questiona àquela família se eles haviam adquirido a propriedade recentemente no que recebe a resposta de um dos belos filhos do idoso casal: “Não compramos, sempre moramos aqui”, ao que o agora mestre comenta que anos antes havia passado por ali e as condições eram paupérrimas. O ancião da família começa a contar: “Pois foram tempos difíceis. Tínhamos apenas uma vaquinha que nos dava sustento e um dia a encontramos, logo depois da ordenha dela, à encontramos morta num barranco”. Com lágrimas nos olhos o velho pai conta ainda que ao se verem numa situação desesperadora pegaram o leite, recém-colhido do animal e o comercializaram no mercado da cidade mais próxima.

Ele continuou afirmando que com o pouco dinheiro recebido pelo leite, compraram uma leitoa que, por acaso estava prenha e acabou dando à luz a uma porção de leitõezinhos, que acabaram iniciando uma criação de porcos. Além do mais, com a pequena sobra de dinheiro do comércio daquele último leite da vaquinha eles compraram algumas sementes de hortaliças, pois eram baratas e fáceis de serem cultivadas.

O ancião da casa finaliza a história dizendo que através dessa mudança forçada eles conquistaram a posição de maiores produtores de suínos daquela vila, além de manter a maior plantação de hortaliças da região, o que trouxe muita prosperidade e boa vida a toda a família.

Moral das duas histórias: Uma mudança em sua vida pode ser o que esteja faltando neste momento. Seja um tubarão no tanque que te faça correr mais, seja o desprendimento de alguma coisa que te garante um viver medíocre.

Pense nisso, caro leitor. E tenha uma ótima semana.

Please follow and like us:

Aramis José Gorniski


Entre em contato com Aramis José Gorniski: aramizinho@gmail.com