Esta semana fizemos visitas a algumas escolas estaduais para produzir a reportagem principal desta edição, falando sobre as condições de volta às aulas nestes estabelecimentos.
Ao visitarmos o tradicional Colégio Estadual General Carneiro, calhou de ouvirmos o sinal para troca de horário, bem no momento em que estávamos passando no saguão principal. A saudade bateu forte e as memórias vieram, rapidamente, à tona.
Estudei no General da quinta à oitava série (hoje sexto ao nono ano), e diversas lembranças começaram a pipocar em minha cabeça. A primeira lembrança significativa que rememorei foi a impressão de que aquele colégio era muito, mas muito grande. Logo em seguida lembrei com carinho do professor João Carlos Ganzert, diretor na época, que, logo no meu primeiro dia de aula, me repreendeu por eu estar fazendo peraltices.
Quantas semanas olímpicas tivemos, com gincanas e competições esportivas. Momentos inesquecíveis das aulas de educação física com o professor César Tirka, onde podíamos curtir as aulas e, quando estávamos com preguiça, dávamos desculpas esfarrapadas. Ele, com seu jeitão fechadão, ria-se e permitia a folga ocasional. Visitamos a sala onde cursei a sétima série e me lembrei da Professora Bertilha Teider, falando sobre os temas mais variados na matéria de história. Hoje vejo que deveria ter prestado mais atenção a muitas coisas que a querida docente falava, pois adoro história e teria mais base com suas doces e carinhosas aulas.
No anexo, antigamente chamado de galinheiro, dei muita risada ao lembrar do querido professor Dorival Suero, que tinha um jeito de professor bravo, e nos fazia ficar em pé, quando não respondíamos corretamente às questões da aula, com um bordão forte: “DE PÉÉÉÉÉ”. De bravo ele só tinha o jeitão. No fundo, Dorival sempre foi um cara com um coração maior que ele e se fazia de mau para manter a ordem.
Como deixar de falar do já falecido professor Sinval Padilha, um pequeno mestre da matemática, que se mostrava sempre muito sério nas aulas, mas tinha um carinho muito grande pelos alunos dentro e fora da escola. Sinval sempre foi apaixonado pelo que fazia, mas sua principal paixão sempre foi o futebol, onde criou, promoveu e sustentou por muitos anos o Sinvalão.
A saudosa professora Sandra Burda foi minha professora de OSPB, que significava Organização Social e Política Brasileira, e suas aulas sempre eram muito difíceis, mas ela, com sua pequena estatura, se mostrava uma gigante ao nos fazer entender a matéria. Outra lembrança que me trouxe saudade foi quando visualizei em minha mente o querido e também saudoso Professor Pedro Bianchini que tentava nos ensinar o verbo “to be”, com muito carinho, humor e dedicação. Uma vez colamos tachinhas na cadeira dele e, ao invés de nos repreender, fez todos os alunos sentarem, um a um naquele lugar, com um sorriso irônico no rosto.
Ao falar em disciplina, não posso esquecer das queridas Dona Pelca (in memorian) e da simpática Dita Berghauser, que nos pegavam aprontando e davam aquele “pito”, mas sempre com um cafuné para acalentar nossas preocupações. Que tempo delicioso, de sonhos e aventuras.
Esta visita ao General Carneiro me fez relembrar o valor que os professores têm para todos os estudantes e as marcas que deixam no fundo do coração de cada um a vida toda. Alguns deles já nos deixaram e passaram a ensinar os anjos em outro plano, enquanto muitos outros continuam por aqui, colaborando a seu modo ou aproveitando sua aposentadoria merecida.
É interessante ver como esquecemos do valor das coisas ao viver nosso dia-a-dia. Eu mesmo me desculpei com o professor Neri Bortolanza, o Gringo, atual diretor do Colégio, por acreditar que muitos docentes estavam “querendo folga” ao invés de voltar às aulas. Ao reviver estes momentos em minha memória me dei conta de que o esforço que um professor faz para dar conta de seu trabalho vai muito além da educação. Lecionar é deixar uma marca na vida do aluno, nortear suas decisões e, muito mais que isso, amar o que se faz.
Obrigado aos meus professores por me ajudarem a ser quem sou hoje.