3. SE PERDOARDES…

Jesus Cristo disse, sem equivocar e sem enganar: “Porque se perdoardes aos homens as suas faltas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas faltas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas faltas” – Mt 6.14-15.

As pessoas cuja fé, ensino, confissão e consequente condenar e rejeitar consideram apenas as obras que nós praticamos, em busca de justiça e santidade, sem levar em conta a Palavra e a promessa de Deus, não levam em conta que, ainda que a justificação seja por graça mediante a fé, perdoar é uma obra boa. Por isso, quando ouvem e leem tais formulações no Evangelho referentes às obras, certamente, dirão que o ser humano alcança esse mérito por seus atos. A Escritura, entretanto, nos ensina que não devemos olhar para nós, mas para a Palavra e promessa de Deus, a elas nos apegando com a fé presente. Então, quando praticas uma obra baseado na palavra e na promessa de Deus, tens um sinal certo de que Deus é misericordioso para com você. Ou seja, que sua própria obra, a qual Deus, agora, assumiu com Sua, será para você um sinal consolador certo do perdão, etc. Isto a nossa razão e inteligência, fora da Palavra e da fé, jamais conseguiu excogitar e pensar, consoladoramente.

Ora, Deus, que é bom, compassivo, misericordioso, clemente, nos apresentou, sem nossa participação, diversas maneiras e caminhos para nos apropriarmos da graça e do perdão dos pecados. Em primeiro lugar, o Batismo e o Sacramento, depois –, como expus nos artigos acerca do Pai-Nosso –, a oração, depois a absolvição dos pecados e, neste caso, o perdão, para que estejamos abundantemente providos e sempre possamos encontrar graça e misericórdia, em tempo oportuno, junto ao trono da Graça, de fé em fé. Pois onde você as buscaria mais perto do que em seu próximo / sua próxima, com quem se vive cotidianamente, tendo motivo diário suficiente para praticar tal perdão? Pois é inevitável que você sofra frequentes e numerosas ofensas. Portanto, não é só dentro da Igreja ou junto ao sacerdote, mas em meio à nossa vida que temos Sacramento ou Batismo diário, uma pessoa irmã para com a outra, e cada qual em seu lar, em sua casa. Pois se você se apropria da promessa por meio desta obra, então tem precisamente aquilo que recebe no Batismo.

Deus por meio de Jesus Cristo e Seu Evangelho nos agracia de modo sobremodo rico, abundante, abençoador, consolador. Aliás, como poderia Deus ter-nos agraciado mais ricamente do que pendurando em nosso pescoço um Batismo tão comum, inserindo-o no Pai-Nosso, Batismo este que, como Meio da Graça, cada pessoa encontra em si próprio/a ao orar e perdoar a seu / sua próximo/a? Que ninguém, portanto, venha queixar-se ou desculpar-se de não ter ocasião para tal e que isto lhe seria demasiadamente elevado, distante, pesado e caro, porque lhe é trazido, e a seu / sua próximo/a, à porta de sua casa, sim, lhe é colocado no colo.

Assim você pode perceber que, se considera não a obra em si, mas a Palavra a ela vinculada, aí encontra um tesouro magnífico e precioso, de modo que agora não é obra sua, e sim sacramento divino, Meio da Graça, consolo poderoso e formidável, de modo que alcança a graça de poder perdoar à pessoa próxima, mesmo que não possa vir para os outros sacramentos. Isso deveria, ao modo de Cristo, tanto mais, mover você a praticar tal obra – a de perdoar à gente semelhante – com o maior prazer, de boa vontade e agradecer a Deus por merecer tal graça. Você, inclusive, deveria correr atrás dela até o fim do mundo, gastando, se necessário for, todos os seus bens, como se verifica que fazem algumas pessoas peregrinas em busca de ‘indulgência’ mediante práticas auto inventadas pela carne e sangue. [Segue]

 

 

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com