Coluna Ambientação – O problema do plástico

Como esse material que permitiu a ascensão da atual sociedade está impactando o meio ambiente

Não é novidade que o plástico é o grande vilão do meio-ambiente. Mas, ao mesmo tempo, também é o mocinho em facilitar a vida humana e aumentar a qualidade de vida. Então, o problema do plástico, como tantos outros, não se mostra fácil de resolver, nem mesmo tem uma projeção de quanto tempo levaremos para substituí-lo.

Mas o que é o plástico? Esse material é formado por uma cadeia polimérica, ou seja, constitui-se de moléculas menores que formam uma maior e tem como matéria-prima o petróleo. Como é um material desconhecido pela natureza, não existem microrganismos, como fungos e bactérias, especializados em decompor o plástico, diferentemente do que acontece com a madeira, por exemplo. Além disso, é extremamente barato e fácil fabricar plástico, podendo transformar em uma infinidade de produtos. Por esses motivos, o plástico é largamente utilizado pela indústria.

O primeiro plástico foi criado em 1907 e de lá para cá foram criados tipos específicos para cada aplicação. No entanto, apesar de seus benefícios, sua conveniência está atualmente em cheque, pois o impacto ambiental é cada vez maior. Muitos animais, como tartarugas, baleias e algumas aves não sabem diferenciar plástico de alimento e acabam morrendo devido as complicações que a ingestão desse material provoca. Além disso, o descarte inapropriado cria cenários que durarão por muitos anos e continuarão impactando a vida enquanto perdurarem, como acontece com as ilhas de plástico. Uma delas chega a ter três vezes o tamanho da França.

O impacto do plástico no meio antecede a sua existência e começa na transformação do petróleo nesse polímero. Como fabricar é muito barato, a reciclagem do plástico é economicamente inviável para as empresas, pois seu custo fica mais alto com toda a logística, compra do material usado, seleção do que pode ou não ser reciclado e, por fim, a reciclagem.

Nas embalagens pode ou não conter o número de plástico da qual ele é feita, que parte de 1 e vai até 7. Porém, como a legislação não obriga as empresas a informarem, nem sempre será possível encontrar. Mas o que esses números representam? Basicamente, o tipo de plástico e se ele pode ou não ser reciclado. Não há um consenso sobre quais número podem ou não ser reciclados, mas o fato é que a maior parte das empresas objetiva o lucro e prefere não reciclar.

Atualmente, alguns movimentos sociais estão em ascensão, como o uso contínuo de Ecobags, sacolas feitas de tecido que substituem as sacolas convencionais dos mercados, redes para pegar frutas que substituem o saquinho disponibilizado nas frutarias, canudos de metal e garrafas de vidro. O plástico está muito ligado a uma questão de conveniência. É muito mais prático utilizar os recipientes disponibilizados pelos estabelecimentos do que carregar um próprio, por exemplo.

Além disso, o plástico também está associado ao crescimento desenfreado da economia sob a base do consumismo exacerbado. Como diz Yuval Noah Harari em seu livro Homo deus “um número elevado de político e eleitores acredita que, enquanto a economia crescer, cientistas e engenheiros poderão sempre nos salvar do dia do Juízo Final.” (p. 231). O esforço de substituir a sacola do mercado por uma de tecido, o esforço em não utilizar canudinhos ou qualquer medida de preservação parece dispendioso em termos de dinheiro, tempo e esforço, muitas vezes trazendo o pensamento de impossibilidade de adaptação pela rotina corrida.

Biodegradável, mas não tanto

Uma pesquisa publicada pela revista Science Advances mostra que a hunidade já produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde os anos 1950. A maior parte deste material, algo em torno de 80%, está em aterros ou foram descartadas irregularmente no meio ambiente. A pesquisa, que foi realizada pela Sea Education Association aponta que desse total produzido, em torno de 9% foi reciclado. Para resolver isso, foi desenvolvido o plástico biodegradável que pode ser decomposto. No entanto, para que esse processo funcione, a maioria do plástico biodegradável precisa passar por um processo industrial. Isso significa que mesmo se o consumidor realizar o descarte adequado desse material, não há garantias de que ele vá passar pelo processo necessário para sua efetiva compostagem.

Por: Luiz Gabriel Correia Ely

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