Coluna Ambientação – Ouro Líquido

Como o petróleo influencia a sociedade

Não se sabe ao certo quando o petróleo começou a ser utilizado, mas acredita-se que ele é conhecido há séculos. Na história recente, sua produção em larga escala iniciou na Escócia no século XIX. Já no continente americano, foi primeiramente descoberto no Canadá e em 1859 começou o processo de extração nos Estados Unidos, em um poço de 21 metros de profundidade. No Brasil, foi encontrado na Bahia em 1939.

A composição do petróleo puro muda dependendo do poço, mas é constituído majoritariamente de carbono, elemento responsável pela possibilidade de queima e obtenção de energia. Atualmente, a sociedade depende dos combustíveis principalmente para o transporte. Além disso, outros materiais são derivados do petróleo, tais como o plástico e alguns tipos de borracha sintética.

Atual limitação tecnológica

O período pós guerra alavancou a indústria e o nascimento graça às novas tecnologias e aos antibióticos. As cidades foram expandidas e a logística mundial recebia cada vez mais navios e aviões mais confiáveis e de maior autonomia, como explica Crouch (2008). Nos anos 1950 surgiram os motores a jato, que diminuíram o tempo das viagens e tornou a aviação cada vez mais economicamente viável para o terceiro setor (Grant, 2002). Assim, com o modelo expansionista, o petróleo como provedor de combustíveis para os mais variados motores era cada vez mais necessário. Ainda hoje, apesar do avanço no setor de automóveis e utilitários, ainda não há projetos de substituição completa de aeronaves movidas a combustão. A Organização Internacional de Aviação Civil aponta que somente no Brasil, a aviação comercial queima 7 bilhões de litros por ano. A aviação mostra a face das limitações da atual tecnologia. Como esse cenário em vista, algumas fabricantes já começaram a desenvolver protótipos totalmente elétricos, como é o caso da Embraer.

Ao utilizar combustíveis fósseis, a liberação de carbono na atmosfera contribui para o aumento da temperatura média do planeta; o aquecimento global, pois é um dos principais causadores do efeito estufa. Mesmo com a ascensão dos carros elétricos, ainda não há previsões de baixar a demanda. Segundo a Agência Internacional de Energia, atualmente existem 1,1 milhão de carros elétricos em todo o globo. No entanto, a previsão é para 145 milhões em até 2030. Ainda assim, o uso de carro elétrico tem gera carbono, pois o atual método de construção de baterias é prejudicial ao meio ambiente. Além disso, alguns países utilizam petróleo ou carvão como combustível gerador de energia elétrica. O Departamento de Energia estadunidense registrou um aumento médio em 15% em consumo de carvão para geração de energia. Ainda assim, um apontamento da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet) aponta que a utilização de carros elétricos reduz três vezes a geração de carbono.

Consumo

Em 2020, o mundo consumiu 88,5 milhões de barris por dia (cada barril equivale a 159 litros), equivalente a 32 bilhões de barris ao ano. Esse número representa uma redução de 9% em comparação ao ano anterior. Esse número deve começar a decrescer nas próximas décadas com o advento da eletrificação massiva, principalmente no setor do transporte.

Após a Segunda Guerra Mundial, o dólar passou a ser a moeda de mais destaque em reservas monetárias internacionais. Para que a moeda não perdesse o valor, ou inflacionasse, ela foi lastreada no ouro guardado no Fort Knox, ou seja, para cada dólar existente era necessário existir uma quantidade equivalente em ouro, o que era chamado de padrão dólar-ouro, como explica o autor Jeffry A. Frieden em seu livro Capitalismo Global. Na década de 1960, alguns países, como a Bélgica, França e Suécia, pediram a troca de suas reservas em dólar para ouro por desconfiarem que não existia tanto ouro quanto dólares em circulação. Diante disso, em 1971, os Estados Unidos abandonaram o padrão ouro. Mas para manter a moeda valorizada, o presidente Richard Nixon fez um acordo com os países produtores de petróleo, garantindo proteção militar. Em troca, esses países só poderiam comercializar petróleo em dólares. Assim, com a necessidade de petróleo cada vez maior e os estoques cada vez menores, os Estados Unidos conseguiram manter sua moeda valorizada. Esse episódio demonstra como a demanda desse líquido forma a base do funcionamento mundial.

Mesmo com o consumo crescente, um dos setores que mais necessitam do petróleo como combustível está mostrando sinais de mudança: os veículos particulares. Apesar de ainda ser uma tecnologia cara, ainda mais para países emergentes como o Brasil, outros mercados consumidores estão não só aceitando a ideia, como estipulando meta para sua produção.

Europa, o maior mercado consumidor dos carros elétricos

A União Europeia aprovou a meta de eliminação da produção de veículos movidos a combustíveis fósseis até 2035.A Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) registrou um aumento de 231% em vendas de carros elétricos em 2021 comparado ao ano anterior de mesmo período. Ainda segundo a associação, a diminuição gradativa de carros particulares movidos a combustíveis fósseis combinado com a melhoria contínua do transporte público fará com que os níveis de carbono fiquem cada vez menores.

Atualmente, o consumo do petróleo está ligado a dois grandes problemas: geração de energia e locomoção. Os países desenvolvidos, como Alemanha e Japão, conseguem absorver grande parte da locomoção urbana por meio de trens elétricos. No entanto, essa realidade está longe de englobar todo o mundo. No caso do Brasil, um país que está em desenvolvimento há décadas, o custo para implementar esse sistema nos maiores centros urbanos do país ultrapassa a realidade orçamentária. Assim como acontece em terras tupiniquins, toda a américa latina teria dificuldade em instalar um sistema parecido com o europeu pelos mesmos motivos que os brasileiros.

 

Coluna por Luiz Gabriel Correia Ely

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