Jesus Cristo pregou, dizendo: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e tudo isso cairá no vosso seio.” Ou, na versão que nos é, o mais, conhecida: “… buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”
O SENHOR Jesus Cristo viu muito bem que entre os grosseiros vícios exteriores nenhum se opõe de modo tão terrível ao Evangelho e impede o Reino de Deus como a ganância. Pois assim que um pregador começa a refletir como enriquecer-se, já não exerce seu ministério de modo correto, pois seu coração está preso na preocupação com o alimento como numa armadilha, como o chama Paulo – 1Tm 6.9 –, de modo que já não pode mais ensinar e denunciar como e onde deve, preocupado que está que poderia perder o favor e a amizade daqueles dos quais os pode usufruir. Portanto, deixa-se seduzir a silenciar e também seduz outras pessoas, não por meio de heresia, e, sim, por meio de sua própria barriga, que é seu ídolo. Pois quem quer ser um verdadeiro pregador cristólogo e exercer seu ministério fielmente, deve manter-se livre para poder dizer a verdade sem temor, sem acepção de pessoas, para poder denunciar onde tem que denunciar, grandes e pequenos, ricos, pobres, poderosos, amigos e inimigos. A ganância não faz isso, pois teme que poderia irritar joões-grandões ou bons amigos. Isso significaria falta de pão, por isso ‘ensaca a viola’ e silencia.
O mesmo acontece com o povo em geral. Eles não são pregadores, mas deveriam ouvir a Palavra de Deus e ajudar a promover o Reino de Deus, cada qual em sua posição e vida. Mas não querem expor-se a qualquer perigo nem sofrer qualquer carência por causa do Evangelho de Jesus Cristo, pelo qual se pode ser salvo, contato que se creia. Antes de mais nada, eles querem garantir o suficiente para viver e que a barriga esteja bem provida. Por isso Deus e o Evangelho que venham depois ou fiquem para trás. Vão e cavoucam e unham o máximo possível, não dão nada aos pregadores e ainda lhes tomam o que têm. Assim, as coisas correm conforme o diabo o quer, que ninguém mais quer pregar e ninguém quer ouvir, de modo que tanto a doutrina quanto seus frutos desaparecem nos corações das pessoas, e o Reino de Deus entra em total colapso. O único responsável por isso é o escandaloso diabólico Mâmon.
É por isso que o SENHOR Cristo adverte os Seus discípulos e ouvintes crentes de então e de hoje com tanta insistência por meio de um sermão tão longo, contudo vital e tão necessário. E para que as pessoas pudessem proteger-se contra isso tanto melhor, Ele lhes mostra com essas palavras um bom e poderoso ‘remédio’ contra a ganância, o que fazer para não precisar andar ansioso e para que, não obstante, se tenha o suficiente, sim, um tesouro muito mais excelente do que aquele que o Mâmon pode oferecer e que podemos conseguir com a nossa ansiosa solicitude carnal. O nome do ‘remédio’ é este: procurar o Reino de Deus, via fé.
Importa, porém, que se grave bem fundo no coração o que é o Reino de Deus e o que ele dá. Pois se pudéssemos convencer-nos a refletir convenientemente e a ponderar no coração o quanto é mais precioso esse tesouro comparado com o Mâmon ou o reino do mundo, ou seja, tudo que existe no mundo, nós, pela fé em Cristo, iríamos ‘cuspir’ no Mâmon. Pois se tivesses os bens e o poder da pessoa mais rica e nobre de todo o orbe terrestre, e, além disso, os dos mais bem sucedidos multimilionários, que terias mais do que tem um mendigo à frente da porta com seu centavo? Porque a única coisa que interessa é encher a barriga todos os dias, mais não se consegue com todos os bens e glória do mundo. O mendigo mais pobre tem o mesmo proveito disso que o mais ‘poderoso’ em termos de financeiros, sim, terá mais prazer e benefício com seu centavo do que aquele com uma magnífica ‘ceia real’. E não passa disso.
