Jesus Cristo doutrinou, dizendo: “Não deis o sagrado aos cães, e não jogueis vossas pérolas aos porcos, para que não as pisem com seus pés, voltem e vos dilacerem” – Mt 7.6.
Assim como os discípulos e todas as pessoas crentes batizadas, membros da comunhão do santo povo cristão, nós não podemos mudar o cão e o porco indulgentes. Antes, em Igreja e Sociedade, por amor de Cristo, Seu Evangelho, o Espírito, a fé nós temos que suportar ‘cobras, cães e porcos’ ao nosso redor: gente que põem e tenta pôr a perder o Evangelho, poder de Deus, tanto com sua doutrina quanto com sua vida aparentemente cristãs. Aliás, onde houver pregadores conscienciosos, eles, sempre, terão essa sorte: serão desqualificados e rejeitados. Pois esse é o curso do Evangelho no mundo: sempre haverá cães e porcos, em Igreja a Sociedade, que tentará fazer com que ele desapareça e seja calcado aos pés, e seus pregadores, legítimos e verdadeiros, sejam atacados, com a intenção objetiva de fazer com que desapareçam. Pois o Evangelho terá que servir de capacho para todo o mundo hostil a Cristo, para que todo o mundo passe por cima dele e o calque aos pés, juntamente com seus pregadores e seus mestres cristólogos. Para os cães e porcos Cristo não é importante. Que podemos fazer? Não lancem o que é sagrado aos porcos e aos cães, diz Cristo. E à vista disto, alguém aqui e ali dirá: Ora, amado Senhor, algumas pessoas já o fizeram. Pois, por se tratar de uma pregação pública e por ser espalhado pelo mundo, não podemos impedir que se lancem sobre o sagrado e se apropriem dele. Isto, porém, ainda não significa que eles o têm. E, louvado seja Deus, é possível impedir que recebam o sagrado. Certamente há quem têm ‘cascas e vagens’, isto é, a liberdade carnal. Uma coisa, porém não terão, por ação divina: nenhum cão ou porco, nenhum vilão esganado, avarento ou pessoa para quem o reino de Deus não é importante terá uma só letra do Evangelho, ainda que leia todos os livros, ouça todas as pregações cristológicas e imagine que sabe tudo perfeitamente no que tange ao artigo principal da fé cristã.
A arte, conforme Cristo nos ensina aqui, consiste em afastar-nos quando enxergamos um porco ou um cão, como se faz com os espíritos sectários, não tendo comunhão com eles, não lhes ministrando o Sacramento, não lhes anunciando nenhum consolo do Evangelho. E, assim, mostrando-lhes que não irão desfrutar nada de Cristo, o Sagrado em Pessoa. Fazendo isto, sê-lhes tira sutilmente as pérolas e o sagrado. Pois nenhum vilão avarento ou quem idolatra ouro e bens, entusiasta ou espírito sectário haverá de ter o Evangelho e a Cristo sem perguntar antes e sem se unir, em unidade de fé, a quem exerce, de modo legítimo, o ministério da Palavra e Meios da Graça, incumbido pela comunidade nascida e nutrida pela Palavra, para que tal ou outro pregador verdadeiro, possa confirmá-lo. Pois quem, de fato, tem o Evangelho, sem dúvida, deve estar do lado da gente feita membro do Corpo de Cristo e ser unânime com ele, na medida em que antes tenham a certeza de que se tem, de fato, o verdadeiro Evangelho e Seus benefícios. E, com certeza, como mordomos fiéis do ministério da reconciliação o ‘Dom Avaro’ não calcará aos pés, nem condenará os cristólogos, como as hordas fanáticas, que vem e se apresentam, sem chamado; e pregam outro evangelho. Cristo, com vistas ao arrependimento e à fé, à luz do que promove e aponta para Ele, as ajuíza ‘porcos e cães’ e lhes dirá que, enquanto tais, não receberão nada dEle, já que igual querem ser e continuar sendo cristãos, mas sem necessidade do único-salvante Evangelho da glória e da graça de Deus.
Por fim, em suma: se a gente cristóloga vê que sua pregação, ensino e confissão são desprezados e calcados aos pés pelos cães e porcos, ela, publicamente, nega-lhes comunhão de fé, amor e esperança. E se afasta deles, quando e se, impenitentes e incrédulos, teimam em ser e continuam sendo tais.