2. QUANDO JEJUARDES…

“Quando jejuardes, não façais caras azedas como os hipócritas. Pois desfiguram seu rosto, para que apareçam perante o povo com seu jejum. Em verdade vos digo: eles têm sua recompensa. Mas quando jejuares, unge tua cabeça com óleo e lava teu rosto, para que não apareças perante as pessoas com teu jejum, mas unicamente perante teu Pai, que está oculto. E teu Pai que vê no oculto to recompensará publicamente”. Mateus 6.16-18.

Se você jejuar ao modo da Palavra de Deus, que promove e aponta para Jesus Cristo, ciente de que Deus perdoa pecados por graça e fé, somente mantendo o jejum entre você e seu Deus, então você jejuou corretamente, como Lhe agrada. Mas isso não significa que aqui se estabelece uma proibição, que não se pudesse usar roupa comum num dia de jejum ou ficar sem se lavar. O acréscimo autoindulgente no jejum é proibido, condenado, rejeitado por Jesus Cristo. Ou seja, que se jejue para adquirir fama, se autopromover. Que se queira chamar atenção do povo com esses gestos especiais. Cristo não proíbe o jejum em si.

Lemos a respeito do jejum do rei de Nínive e de toda a cidade – Jn 3.5-6. Isso, porém, era outro jejum, que sua necessidade e miséria lhes ensinavam pela fé na Palavra pregada pelo profeta Jonas, servo do SENHOR. Todos os jejuns autoescolhidos, reunidos num monte, não valem um ‘centavo’. Os muitos e diferentes jejuns estranhos à palavra de Deus não passam de meras futilidades humanas. Razão pela qual, como se observa ao longo da história eclesiástica, logo degeneraram em escandaloso abuso. E, por quê? Porque a inspiração da fé presente não foi uma objetiva e concreta forma de devoção a Deus, em conformidade com a Palavra. Jejuar não pode ser sinônimo de busca de fama e prestígio junto ao povo e nem muito menos uma forma concreta de zombar e ofender a Deus. Não se deve divorciar fé verdadeira e jejum.

Muitas vezes se abusou do jejum, ao longo da história: transformando-o numa forma de penitência, ligada à absolvição dos pecados, em pratica meritória. É inovação humana jejuar para por meio dele se reconciliar com Deus, só pelo fato de que se jejuou. É um escandaloso abuso do jejum quando se arruína o verdadeiro jejum. Jejum não expia pecados e nem consegue fazer com que a pessoa se autorreconcilie com Deus. Isso se chama, com razão: jejuar em nome de todos os diabos, ‘batendo’ na boca de Cristo e calcá-Lo aos pés.

Jesus Cristo condena e rejeita o jejum grosseiro, escandaloso, mentiroso, instituído e confirmado com viés hipócrita e critério idolátrico. Ele não absolve e nem sequer age com indulgência com o abuso ligado ao jejum. Porquanto o falso, zomba de Deus, e engano o povo. Existem, em verdade, dois jejuns bons e louváveis: um deles pode ser chamado de mundano ou civil ordenado pelas autoridades superiores, como qualquer outra ordem e decreto governamental, não como uma boa obra ou uma forma de culto a Deus. Mas, sim, com intuito de que se aprenda a viver de modo mais modesto e moderado. Depois, ainda, vem o segundo jejum, o espiritual – comum entre as pessoas cristãs, justas por graça mediante a fé em Jesus Cristo, que nós, sim, deveríamos, observar com fé presente. Ele pode e deveria, sim, ser observado ao longo do ano, mas, também, de modo especial, não como uma lei, antes da Páscoa, do Pentecostes, do Natal. E desse modo, o jejum estaria distribuído pelo ano.

Por fim, de modo nenhum o jejum deve ser transformado em forma de culto a Deus, para, com isso, merecer algo e reconciliar a Deus. E, sim, como forma concreta de disciplina e exercício cristão externo para a gente jovem e o povo simples, para que aprendam, de bom grado, a observar as épocas do ano e a fazer distinção entre o que agrada a Deus e o que não.

 

 

 

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com