Jesus Cristo pregou, dizendo: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e tudo isso cairá no vosso seio.” Ou, na versão que nos é, o mais, conhecida: “… buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”
Jesus Cristo, que não quer ter pregado e nem doutrinado em vão, conscientizando, como que pergunta: Ora, que significa buscar o reino de Deus, ou como se pode chegar até ele? Qual é a estrada e o caminho que se tem que tomar para chegar a ele? Aí um, autoindulgente, aponta nesta direção; já outro, autoinventando, para aquela. A gente que ensina sem amparo na Palavra, ensina o seguinte: corre para a piedade autoinventada, busca indulgências, confessa-te e faze penitência, lê ou ouve uma ‘liturgia religiosa’, veste uma roupa de ‘religioso’ e exercita-te no ‘grande culto’ a Deus e numa vida dura e rigorosamente ascética. Aí, então, as pessoas relaxadas no ouvir a Cristo, correm por todos os caminhos que foram indicados de modo autoinventado, que nem loucos e tolos. Todos, perdida a Palavra e a fé, querem procurar o reino de Deus, mas o que encontraram, até o presente momento, foi o reino do diabo. Porque há muitos caminhos tidos como o que dá no ‘reino de Deus’, mas a todos falta esse um elemento: crer em Cristo e no Evangelho a que a fé se ater, praticá-la, e promovê-la com pregações cristológicas, ouvir, ler, cantar, meditar de todos os modos possíveis nos benefícios de Cristo, para que, sempre, via ação do Espírito Santo, ela seja aumentada no coração e se fortaleça e irrompa por seus frutos, para que se progrida mais e mais e muitas pessoas sejam levadas a ela, como nós o estamos fazendo agora – graças a Deus – mediante o único-salvante Evangelho de Jesus Cristo, o Filho unigênito de Deus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Sim, ainda há muitos outros pregadores e outros cristãos, que se dedicam ao que promove e aponta para Cristo, com todo empenho, dispostos a arriscar tudo que possuem e a pô-lo a perder antes de renunciarem à Palavra: lei e Evangelho.
Nenhuma pessoa justa via obras da lei, autoindulgente, infestadas pela crença meritória, faz ou sabe isso, embora se glorie de ser serva de Deus e noiva de Cristo. Pois todas erram o único verdadeiro caminho, em Pessoa. E deixam o Evangelho da graça e da glória de Deus, de lado, não conhecem nem a Deus nem a Cristo e nem sequer o seu Reino. Pois quem quer conhecer e encontrá-Lo, não O deve procurar conforme suas próprias ideias, e, sim, deve ouvir Sua Palavra como fundamento e pedra angular e ir na direção que Ele, Deus, via ministério da Palavra e Meios da Graça, nos aponta e como Ele a interpreta. Ora, Sua palavra a respeito de Seu Reino é esta: “Quem crer e for batizado será salvo” – Mc 16.16, parte.
A palavra da Verdade não saiu e nem sai da cabeça da gente cristóloga nem nasceu de um coração humano irregenerado, e, sim, ‘ouvida do céu’ e foi manifestada pela boca de Deus, para que tivéssemos certeza absoluta e não errássemos o caminho certo a Deus Pai: Jesus Cristo. Ora, onde tanto pregadores quanto ouvintes fizerem isso como devem, promovendo diligentemente a Palavra e o Sacramento, vivendo de acordo e empenhando-se para que se tornem conhecidos entre o povo, atraindo a eles os jovens e instruindo-os – eis o que significa, de modo simples, procurar e promover o reino de Deus e levá-lo a sério. E que significa o acréscimo “e sua justiça?” Esse reino também tem uma justiça, mas é uma justiça diferente da do mundo, assim como também se trata de outro reino. Aqui Cristo se refere à justiça que procede da fé, pressurosa e ativa por meio de boas obras. Significa tomar o Evangelho a sério e ouvir ou promovê-lo assiduamente e depois viver de acordo com meus atos, e não ser um fútil conversador ou hipócrita autoenviado, que o deixa ‘entrar por um ouvido e sair pelo outro’.
