3. QUANDO JEJUARDES…

“Quando jejuardes, não façais caras azedas como os hipócritas. Pois desfiguram seu rosto, para que apareçam perante o povo com seu jejum. Em verdade vos digo: eles têm sua recompensa. Mas quando jejuares, unge tua cabeça com óleo e lava teu rosto, para que não apareças perante as pessoas com teu jejum, mas unicamente perante teu Pai, que está oculto. E teu Pai que vê no oculto to recompensará publicamente”. Mateus 6.16-18.

Certamente é necessário, por amor a Cristo, Seu Evangelho, o Espírito, a fé distinguir e estabelecer certos períodos, ao longo do ano, como jejuns e dias festivos para que o povo, em geral, por causa da pregação e dos benefícios de Cristo seja motivado à vida piedosa. Com isso não se procura, de modo algum, instituir um culto especial a Deus, e, sim, somente um dia comemorativo, pelos quais se poderia dividir todo o ano e para que se saiba em que época do ano litúrgico nós estamos. Aliás, será que nós não poderíamos voltar a observar, como pessoas conformadas pelo Espírito Santo, por amor a Cristo, certo dia semanal, como a quinta-feira ou sexta-feira, como dia específico dedicado à oração e ao jejum? Porém este jejum, durante o ano todo, escolhido como dia marcado, não deve ser significado como e nem ser tornado uma boa obra. Antes, muito pelo contrário, para que nós não demos motivo à acusação da gente não conformada com Cristo, de que nós, nunca ou mesmo raríssimas vezes jejuamos.

Cristo quer que cada pessoa, individualmente, jejue. Contudo, para ser um verdadeiro jejum cristão, ao modo do espírito do Evangelho, não basta não comer certos dias. Isso é, em verdade, apenas uma parte do jejum e, além disso, a menor. Porque o verdadeiro jejum cristão consiste em disciplinar o corpo e mantê-lo moderado. E isso não diz respeito apenas à comida, à bebida, ao sono, etc., mas, igualmente, a lazer, a todas as diversões e a tudo que faz bem ao corpo, a fim de cuidar do corpo e tratá-lo bem. Agora, jejuar significa interromper tudo isso e abster-se, de bom grado. E que se o faça exclusivamente para refrear a carne e humilhá-la, já que a nossa natureza é pecaminosa. É esse o tipo de jejum que a Escritura impõe à gente conformada com Jesus Cristo. E o chama de ‘affligere animam’, afligir o corpo, etc. – Lv 16.29; Nm 29.7 –, para que ele não se entregue a nenhum prazer carnal, a dias bons e a alegrias, que, com o passar do tempo fazem com que se esqueça Cristo, Seu Evangelho, o Espírito, a fé. Esse, em verdade, foi o jejum da gente reconhecida e identificada como reformadores/as. Eles/as não comiam e nem bebiam o dia inteiro, dormiam pouco, se entregavam à piedade seriamente, negavam ao corpo tudo quanto à natureza permitia. Porque jejum ‘parcelado’, bagatelizador da graça divina, para enganar a Deus e a quem nos cerca, não pode ser considerado e nem significado como jejum cristão. Jejuar, de verdade, significa: humilhar o corpo e privá-lo de tudo que causa, suscita, promove prazer e lhe agrada. E ainda que as pessoas jejuassem corretamente em tudo, ainda assim fica o diabólico abuso de fundamentar nele sua santidade, querendo ser e conseguir junto a Deus algo especial.

Por isso, por melhor que seja nosso jejum e nossa prática de jejuar, não se deve pôr sua confiança nele, pois pode estar oculta aí, uma secreta tentação para a fé ou para o amor. Também o profeta Isaías 58.4 denuncia esse jejum, no qual se flagelava o corpo e atormentavam e afligiam simultaneamente seus devedores, etc. Do mesmo modo, também Cristo rejeita o jejum dos fariseus, não porque não jejuassem de verdade, mas, porque buscavam nele sua fama e honra perante Deus e às pessoas em razão da ‘obra realizada’.

 

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com