5. NÃO JULGUEIS

Cristo disse: “Não julgueis, para não serdes julgados. Pois com o mesmo juízo com que julgais, sereis julgados, e com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos” – Mt 7.1s.

A admoestação de Jesus Cristo, o nosso único e suficiente SENHOR, Salvador, Remidor, Justificador, por graça divina, contanto que creiamos nEle, é muito necessária, para que aprendamos e nos acostumemos, se exercemos corretamente nosso ofício, seja na pregação e denúncia pública, ou na admoestação fraternal – assunto sobre o qual Cristo instrui em Mt 18.15ss. – a carregar as fraquezas da gente próxima, a encobri-las e a enfeitá-las. E ainda que enxergasse nela algo que não me agrada muito, que eu volte para trás e olhe para mim mesmo e, também, encontrarei muita coisa que não agrada a outra gente e que eu gostaria muito que perdoassem e tolerassem. Aí, então, a cócega do autoagrado que ri complacente das fraquezas de alguém outro, logo acabará e o Mestre Sabichão logo se safará e desistirá de julgar. Sim, ficarás satisfeito quando logo acertas as coisas com o/a outro/a e dizes primeiro: SENHOR, perdoa-me minha culpa e, depois, dizes à pessoa próxima: se pecaste contra mim ou eu contra ti, perdoemos-nos também isso um/a ao/à outro/a. Se, porém, percebes que ele/a age de modo demasiadamente descarado e não o deixa, a não ser que o/a admoestes, vai e dize-o a ele/a mesmo/a, com base em Mt 18, para que ele/a se emende e abandone seu procedimento pecaminoso. Isso não seria julgar e condenar, e, sim, admoestar fraternalmente para que melhore, e a admoestação correria pacificamente, conforme o mandamento de Deus. Com teu autoagrado, com teu sorriso autocomplacente e zombeteiro tu só consegues que o/a próximo/a fique ainda mais amargurado/a contigo e ainda mais empedernido/a; e pelo fato de lhe subtraíres o amor e te alegrares com seu pecado tu te tornas pior do que ele/a e um pecador duplamente maior, além disso, cais sob o juízo de Deus quando condenas o que Deus não condenou. Desse modo, carregas sobre ti uma condenação ainda mais pesada, conforme Cristo adverte aqui e mereces que, em compensação, Deus te condene sentença muito mais pesada. A causa de todo esse escandaloso mal é, como diz Paulo, o fato de agradarmos a nós mesmos, de nos exibirmos e pavonearmos com nossos dons, como se nos pertencessem, enquanto numa outra pessoa nada vemos a não ser as suas fraquezas, tornando-nos, assim, totalmente cegos/as, de modo que não vemos nem a nós mesmos/as nem à pessoa próxima com os olhos corretos: os de Cristo, o crucificado por nós. Nós, em verdade, deveríamos pôr a mão no peito e ver primeiro as nossas próprias falhas, fraquezas, pecados, imaturidades. Isso, porém, nós não fazemos, antes temos os olhos enevoados, de modo que nos achamos bonitos se descobrimos em nós um dom que o/a outro/a não tem, destruindo, com isso, esse mesmo dom, deixando de ver também as boas qualidades no próximo. Pois sempre encontraríamos nele/a tantas boas qualidades, quantas fraquezas encontramos nele/a agora. E, também, deveríamos alegrar-nos com isso e ser condescendentes com eventuais fraquezas, assim como nos agradamos de nós mesmos/as e sabemos ser condescendentes conosco mesmos/as.

Em resumo, esse é o pior vício e pura arrogância diabólica, quando nos consideramos bons aos nossos próprios olhos e nos parabenizamos, de modo autolisonjeador, quando vemos ou percebemos uma boa qualidade em nós e não agradecemos por ela a Deus, mas nos tornamos arrogantes, passando a desprezar todo mundo, e enchemos com ela os olhos a ponto de não mais enxergarmos as outras coisas que fazemos. Autoachamos que em nós tudo é perfeito, roubando e usurpando, deste modo, a honra de Deus, tornando-nos a nós mesmos/as em ídolo, sem enxergarmos a calamidade que estamos provocando com isso, quando já teríamos problemas que chega conosco mesmos, se fossemos sinceros. [Segue]

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com