É preciso que você se prenda à Palavra de Deus, com certeza e firmeza, no sentido de que tenha convicção existencial de que, de fato, você é uma pessoa perseguida por causa da justiça. Se uma autoridade secular ou eclesiástica quiser lhe proibir de viver ao modo da Palavra de Deus no matrimônio e no lar; quer lhe tirar ou limitar a liberdade de buscar, administrar e receber os Meios da Graça, por exemplo, e se você é perseguido por causa disso, aí você deveria examinar se o seu coração está seguro e inteiramente decidido de que a Palavra de Deus quer essas coisas livres e não proibidas, que, inclusive, nos ordena a observá-las e a arriscar corpo e vida por elas. Aí, então, você tem o consolo, podendo dizer: essa causa não é minha, e, sim, de meu Senhor Cristo. Pois essas coisas não foram excogitadas por minha razão e inteligência, nem de qualquer ser humano. Isso me foi trazido e anunciado do céu pela boca de Cristo, que não mente nem me engana, pois Ele mesmo é verdade e justiça absoluta. Sob a palavra desse homem eu assumo o risco de sofrer, de fazer e deixar de fazer o que é de meu dever, e sua própria palavra há de valer mais para consolar e fortalecer meu coração do que toda a fúria e ameaça de todos os diabos e do mundo podem servir para me assustar.
Que importa, se uma autoridade secular ou eclesiástica age louca e tolamente em sua fúria e ameaça ao modo do ser humano se, por outro lado, Cristo fala amigavelmente ao coração e consola com a promessa de que a pessoa que tem o Evangelho em curso na sua vida é uma pessoa bem-aventurada e de que ela está intimamente bem com Deus no céu e, se todas as hostes celestiais e toda criatura lhe dizem bem-aventurada, se ela tem um coração e uma mente capaz de sofrer por amor de Sua Palavra e obra? Por que ela se deixaria assustar por gente justa segundo a sua própria justiça auto inovada que, na verdade, se enfurece e cospe fogo em sua inimizade contra Deus, mas que, de repente, desaparece como a fumaça ou pobres bolhas d’água?, como diz o profeta Isaías no capítulo 51.12-13: “Eu sou o vosso Consolador. Que é isso que temes os que hão de morrer, que temes os filhos do homem que são levados como feno e esquecem o SENHOR que te criou, que estende os céus e funda as terras?”, etc., quer dizer: é eterno e todo-poderoso aquEle que conforta e se compraz em você que crê em Deus; quando toda gente tiver desaparecido, Ele, não obstante, continua sentado no Seu Trono. A pessoa crente ao modo do Evangelho pensa: Por que eu iria me preocupar mais com as ameaças e a fúria da gente mortal e de poder transitório do que com esse consolo e agrado divinos, pelos quais eu deveria agradecer a Deus e me alegrar de coração por ser digno de sofrer injustamente, como os apóstolos, que saíram pulando de alegria depois de terem sido injuriados e açoitados – At 5.41 – por causa de Cristo e do Seu Evangelho!?
Vê, acaso não somos, ricamente, abençoados/as como essas palavras: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos Céus”? Basta que as aceitemos com amor e gratidão. Pois, com efeito, não faltam perseguições. Além disso, nós, as pessoas que creem em Cristo, temos a grande vantagem de que as pessoas adversárias de Cristo e do Seu Evangelho não podem condenar a pregação da fé e têm que confessar, mesmo a contragosto e sem que mereçam o nosso agradecimento, que é certo e verdadeiro o que cremos, ensinamos, confessamos, pregamos, doutrinamos e instituímos ao modo de Cristo. O que está errado é que as pessoas oponentes de Cristo e do Seu Evangelho, na época e hoje, não querem ceder, recuar ou concordar que nós ficamos fiéis à pura Palavra de Deus. [Segue]
