Jesus Cristo veio, se apresentou e disse, publicamente: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” Alguém, com razão, poderia, fora da fé, perguntar: acaso estarão condenadas e serão condenadas as pessoas que riem, cantam, dançam e se vestem bem, comem e bebem do melhor que existe? Afinal, nós lemos que houve reis e pessoas santas que também se alegraram e se vestiram com o melhor que havia em sua época. E o apóstolo Paulo é um santo, especialmente, estranho. Porquanto, ele ordena inspirado pelo Espírito Santo que, sempre, nos alegremos no SENHOR – Filipenses 4.4. E, diz em Romanos 12.15: “alegrai-vos com os que se alegram” e depois: “chorai com os que choram”. Ora, isso é uma contradição: estar sempre alegre e, não obstante, chorar e prantear com o/a próximo/a.
Convém estar ciente de que não é pecado e nem sequer proibido possuir riquezas e bens. Bem como, também, não é pecado e sequer é condenável estar alegre no SENHOR, comer e beber do melhor que Deus nos concede em Sua bondade e graça. Da mesma forma, igualmente não é pecado e nem sequer transgressão da Vontade de Deus ser honrado e ter um bom nome em Igreja e Sociedade. Não obstante, e é isto que Jesus Cristo ensina na presente bem-aventurança, deverei ser pessoa bem-aventurada quando não possuo o referido ou posso, por amor a Jesus Cristo e ao Evangelho da Glória e da Graça de Deus, prescindir delas. E, se, ao invés disto, sou levado a sofrer pobreza, miséria, ignomínia e perseguição injusta. Porquanto, existem e também têm que existir as duas coisas: prantear e alegrar-se; comer e passar fome, conforme assevera o apóstolo Paulo em Filipenses 4.11ss., gloriando-se, com verdade: “… porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.” O mesmo ele diz em 2 Coríntios 6.8-10: “… por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos e, entretanto, bem-conhecidos; como se estivéssemos morrendo e, contudo, eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo.”
Assim como não é chamada de espiritualmente pobre a pessoa que não tem dinheiro nem qualquer propriedade e bens, e, sim, aquela que não cobiça essas coisas nem põe nelas seu consolo e sua confiança, como se aquilo fosse seu Reino celestial, assim, também, prantear e afligir-se não significa entristecer-se exteriormente, andar de cabeça baixa, de cara azeda, sem rir jamais. Espiritualmente pobre, rememoremos, é aquela pessoa que não põe seu consolo em dias bons e nem numa vida de esbanjamento, como faz o mundo, que não busca outra coisa senão prazer e divertimento carnais aqui, e neles se deleita, não se importando nem se preocupando absolutamente com Deus, as pessoas e a natureza que lhe cerca.
Muitas pessoas excelentes, reis e outras, que eram cristãs, ao longo dos anos, tiveram que suportar pranto e dor injustamente, embora elas tenham vivido esplendidamente perante o mundo. Assim, o rei Davi, lamenta, frequentemente, no Saltério, o pranto e o sofrimento lhe causados injustamente. Certo é que em verdade, somente, a pessoa cujo coração, mente e espírito foi feito prantar, há de se conscientizar da sublimidade da doutrina de Jesus Cristo.
