DO JURAR

“Também ouvistes que foi dito aos antigos: não jurarás falsamente e cumprirás teu juramento para com Deus. Eu, porém, vos digo que não deveis jurar de modo algum, nem pelo céu, pois é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade de seu grande rei. Também não jurarás por tua cabeça, pois não podes branquear ou pretear um cabelo sequer. O vosso discurso, porém, seja sim, sim, não, não. O que passa disso vem do mal” – Mt 5.33-37.

Quando Cristo diz: “Também não jurarás por tua cabeça, pois tu não podes tornar branco ou preto um fio de cabelo sequer”, Ele se refere à Sua criação, não a nosso costume de pintar os cabelos. Pois não quer dizer que não se pudessem tingir e/ou pintar os cabelos, para que ficassem pretos ou de outra cor qualquer. O que Ele quer dizer é que não está em nosso poder fazer nascer um cabelo sequer, seja preto ou branco, nem impedir que ele se torne assim ou diferente. Depois que ele cresceu, se pode perfeitamente cortá-lo ou chamuscá-lo, da mesma maneira como se podem mudar, de certo modo, outras coisas por meio de outra criatura, mas em nada se pode contribuir para que sejam criadas deste ou daquela maneira. Assim, Ele faz de nossa cabeça santuário, algo que não é nossa obra nem está em nosso poder, mas ela é dádiva e criação de Deus.

Jesus Cristo, ao concluir, dizendo: o discurso de vocês seja sim, sim, não, não, etc., se refere claramente àquelas pessoas que não têm ordem da parte de Deus nem necessidade para jurar. Pois, como já foi exposto nos artigos anteriores, de si mesmo, o ser humano não deve jurar de modo algum. Se, porém, se acrescem esses dois elementos, ordem e necessidade, já não se está mais jurando por si mesmo, seu palpite, sua crença. Pois, nesse caso, a pessoa não o faz por sua causa, e, sim, por causa daquela gente que lho exige como sua autoridade superior ou a necessidade da pessoa próxima ou do Mandamento de Deus.

Juramento é a invocação pública do Nome de Deus por testemunha de uma afirmação que a pessoa faz a respeito de coisas do passado, do presente ou do futuro. Deus, o Onisciente, há de vingar a verdade. Como pode Jesus Cristo denominar tal juramento um pecado satânico, vindo do maligno? Resposta: Porque Ele tem interesse na verdade total.

O juramento é a prova da existência da mentira no mundo. Não tivesse o ser humano a possibilidade de mentir, o juramento seria desnecessário. Assim, o juramento é um entrave à mentira e, ao mesmo tempo, um fomento; se somente o juramento é garantia da verdade, a mentira tem certo direito de ser. A lei do Antigo Testamento recusa a mentira pelo juramento. Jesus, porém, recusa a mentira pela proibição do juramento. Aqui e lá a intenção é a mesma: a destruição da mentira na vida da pessoa crente batizada em Cristo, mas não só. O Antigo Testamento havia combatido a mentira com o juramento, mas a mentira se apossara do juramento colocando-o a seu próprio serviço. Como o próprio juramento a mentira assegurou seu direito de ser. Assim, pois, Jesus Cristo tem que atacar a mentira no seu esconderijo, no juramento. O juramento deve ser eliminado, porque se transformara em baluarte da mentira.

O atentado da mentira contra o juramento tinha duas chances de êxito: no juramento falso, infiltrando-se no próprio juramento, ou infiltrando-se no próprio caso, a mentira não invocava o Nome do Deus vivo, mas outro poder mundano ou divino qualquer. Uma vez que o juramento está impregnado da mentira de tal forma, a verdade, somente, poderá ser preservada pela proibição do juramento.

 

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com