Jesus Cristo, que quer nosso coração, por inteiro, disse: “Por isso vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, quanto ao que havereis de comer e beber. Também não vos preocupeis com o vosso corpo, quanto ao que havereis de vestir. Acaso a vida não é mais que a comida, e o corpo não é mais que a roupa?” – Mt 6.25.
Note: mesmo que nós fossemos nos preocupar muito com corpo e alma, nada se consegue com isso, pois isso não está em nosso poder por um momento sequer, tão pouco como se alguém se matasse de preocupação com o crescimento do cereal no campo, que não semeou, ou com a prata nas minas, que ele não colocou ali.
Visto que devemos dispensar a preocupação ilegítima em toda nossa vida e visto que Deus, sem nossa participação, méritos e dignidades, a sustenta a toda hora sem qualquer pensamento ou contribuição de nossa parte, por que a doida preocupação com os míseros centavos, como se Ele não pudesse nem quisesse dar-nos alimento e teto? Deveríamos ficar envergonhados se alguém pode dizer a nosso respeito que praticamos tais loucuras. Mas nossa mentalidade, especialmente, a dos grandes e ricos gananciosos, ainda é igual a gente louca que se preocupa eternamente em ter unicamente a cozinha abastada e que manda servir os pratos mais opulentos, mas não têm nem mesa nem hóspedes; ou aos que mandam preparar muitas camas maravilhosas, mas não têm ninguém para se deitar nelas. Ou tomemos um sapateiro, que nada faz durante toda a sua vida do que encher sua oficina com formas e jamais se lembra de onde tirar o couro para fazer um sapato. Não seria o caso de mostrar-lhe o caminho da razão e do bom siso?
Eis, aí, como Cristo nos mostra que gente louca somos, a ponto de sermos induzidos a ‘cuspir em nós mesmos’, metaforicamente falando. Não obstante, continuamos nessa cegueira gananciosa, ainda que tenhamos claramente diante dos olhos que somos incapazes de providenciar o sustento do corpo e da vida. E ainda que tivéssemos essa preocupação, somente isso nos deveria levar a nos tornarmos pessoas cristãs, pensando: por toda a vida, nem mesmo por uma hora, tenho a minha vida em minhas mãos. Uma vez que tenho que confiar meu corpo e minha vida a Deus, por que duvidar e me preocupar com a alimentação do corpo por um dia ou dois que seja? Seria como se eu tivesse um pai rico, disposto a me dar de presente dez mil reais, e depois não acreditar que ele me daria dez reais em caso de necessidade, etc.
Foi Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, quem disse: “Não andeis ansiosos!” As riquezas prometem segurança carnal e sossego terrenal ao coração humano; na realidade são a causa da ansiedade na vida e viver das pessoas cuja vida e fé não são conformadas com Jesus Cristo, o Crucificado Ressurreto Ressurreto Crucificado. O coração humano, não transluzido pelo Espírito Santo, que se apega às riquezas herda com elas a tara sufocante da ansiedade. A ansiedade, como preocupação ilegítima, adquire tesouros, e os tesouros produzem ansiedade. Em verdade, sem fé verdadeira, nós queremos fazer a vida segura através das riquezas; através da ansiedade queremos alcançar sossego; o resultado, porém, é o contrário. As amarras que nos prendem às riquezas, segurando as riquezas terrenas e terrenais, são elas próprias ansiedade. Aliás, toda vez em que nós tememos, amamos e confiamos nas riquezas como se fossem o nosso Deus e Senhor, pecamos contra aquEle que assevera: “Eu sou o SENHOR, o Teu Deus! E convém lembrar: Ele, Seu SER, Seu agir em nosso favor não mudou.
