Judas leva sobre os ombros um fardo mais pesado do que Pedro. Por isso, ele desespera e pensa que nunca mais haverá consolo ou ajuda – perdão de pecados, vida e salvação – para ele. E assim, tomado de remorso – uma penitência infrutífera –, vai e se tira a vida, sem amparo na palavra de Deus, como se o suicídio garantisse o perdão. Pobre homem! Mas, por quê? Porque ele foi preguiçoso em ouvir, com fé presente, a palavra de Deus, que promove a aponta para Jesus Cristo como o nosso único e suficiente Messias, Rei, Profeta, SENHOR, Salvador, Remidor. Ele a desprezou e, ao ouvi-la, em tempo oportuno, não se arrependeu e nem sequer creu. E, no momento em que ele precisou de consolo, por graça e fé, ele, não tendo a Palavra, não tinha ajuda contra o pecado cometido.
“Traído foi meu Jesus não somente há dois mil anos. Traído foi não apenas no Getsêmani. Traído foi não apenas pelo discípulo Judas. Meu SENHOR, muitas vezes, anteontem, ontem e hoje foste traído. Em minha casa foste traído; fui eu que Te traí. Eu Te traí, não por um beijo, mas pela omissão de um ato de fé que promove e aponta para Cristo. Eu Te traí, não pela saudação: Salve, Mestre! mas por deixar de dizer uma palavra amiga, uma saudação para o irmão ao meu lado. SENHOR, não deixes que eu termine minha vida como Judas! Negado foi meu Jesus não apenas na noite de quinta-feira santa. Negado foi não apenas no pátio do palácio do sumo sacerdote. Negado foi não apenas por Pedro em seu medo. Meu SENHOR, quantas vezes eu Te neguei, de Ti me envergonhei. Quantas vezes as pessoas me tiraram a coragem de confessar, quantas vezes preferi o calor deste mundo. SENHOR, faze que eu me arrependa e volte como Pedro! Crucificado foste não somente pelos judeus que gritaram: Crucifica-O! Crucificado foste não apenas pela sentença de Pilatos. Crucificado foste não somente pelos soldados que Te espancaram e feriram. Meu SENHOR, nada menor é meu orgulho que o daqueles judeus; meu medo de defender a verdade é maior que o de Pilatos; minha falta de fé causa-Te feridas mais profundas do que os pregos dos soldados romanos. Ó Jesus, que oraste: Pai, perdoa-lhes; perdoa os meus pecados. Então será crucificada minha velha vida pecaminosa e ela morrerá; e conTigo ressurgirá uma nova vida e santa” – GNANABARANAM, Johson. Uma nova dança. Mês da Reforma de 1969. P. 41s.
Pedro, também, chora, amargamente, penitente, o seu pecado cometido contra Jesus, o Cristo. Ele está angustiado e com medo devido aos seus pecados. Mas, ele tinha sido mais aplicado em ouvir a Palavra do SENHOR Jesus Cristo e a gravou-a fundo na memória. Por isso, agora, nessa hora de aperto, lança mão da Palavra e se apega a ela. E, assim, encontra consolo, por graça e fé, na Palavra, e tem esperança de que Deus será gracioso para com ele, via arrependimento verdadeiro. Esta é a verdadeira ajuda numa necessidade dessas. Foi o que faltou ao infeliz Judas. Agora, que Pedro se apegou à Palavra e à graça de Deus, isso o próprio SENHOR indica em Lucas 22.32: “Eu rogarei por ti, para que a tua fé não desfaleça”.
Por fim, convém aprender o que é verdadeiro arrependimento. Pedro chora amargamente. Este é o começo do arrependimento: o coração reconhece o pecado e sente pesar por causa do mesmo, de sorte que a gente não tem prazer no pecado, não gosta dele e nem continua nele. Mas, com sinceridade, preocupa-se com o fato de ter cometido pecado e deixado de cumprir a vontade de Deus. Agora, nós mesmos não temos forças para operar isso em nós; precisa o SENHOR fixar os olhos em nós, como naquela noite fixou os olhos em Pedro. Arrependimento e fé devem andar de mãos dadas, pois arrependimento sem fé produz desespero, como no caso de Judas. Do mesmo modo, também é impossível ter verdadeira fé sem arrependimento. Pela fé em Cristo, abençoado dia ressurreição para você e sua família.
