SALMOS

Sl 10 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.

O Salmo dez é uma oração de alguém que é membro do remanescente fiel de todos os tempos e lugares, razão pela qual ele não contém título. Nela o salmista, súplice, expõe a sua queixa junto a Deus, o SENHOR, em virtude da ação malíflua do arqui-inimigo que resiste e se opõe ao reino de Cristo, do lar ao governo, por todos os meios possíveis, sutis e declarados, fundamentado em sua inveja e petulante ostentação de ensino e pregação autoinventadas. Ele, para matar e banir, se vale da espada secular dos tiranos que confundem e não mantêm a correta distinção e separação entre Igreja e Estado. E, enuviando as armadilhas e artimanhas, sob falso ensino e pregação que não promovem e nem sequer apontam para Cristo, como o nosso único e suficiente SENHOR e Salvador, consegue, sob um manto de justiça e legalidade, fazer com, sob o aplauso do populacho, pessoas cristólogas sejam perdidas, excomungadas, banidas, perseguidas, desonradas, mortas. E o estratagema policialesco é sempre o mesmo: mentira, logro, falsidade, como se não fossem o que em verdade são. E não poderia ser diferente, visto que gente que muito brilha na aparência, mas de coração péssimo, em sua ferrocidade ciclópica, conceituam culto e fé em Jesus Cristo, adulterando o sentido unívoco da Palavra de Deus. O consolador é que onde quer que se conta seriamente com o Espírito Santo na fé, teologia, culto, piedade cristológica, nós estamos tratando da teologia da cruz, não da teologia da glória – pois quem foge da cruz incomum, tenta negar e contornar o sofrimento inevitável, e assim enfeita a cruz ‘com rosas’. Mas, no final do Salmo, o salmista mostra o consolo, certificando que com o fim do mundo as heresias, as blasfêmias, a falsa fé, bem como o ensino e a confissão autoinovadas serão extintas. O Salmo também pertence ao segundo Mandamento e à primeira petição do Pai Nosso, como todos os Salmos de oração.

Em suma: com as devidas ressalvas, a cruz de Cristo e a cruz da pessoa conformada com Ele formam uma unidade inseparável, para consolo das pessoas angustiadas e atribuladas, que perguntam por Deus, o SENHOR. A fé verdadeira está relacionada com Cristo, o sofredor em nosso favor, que vem em socorro corpóreo de quem está atribulado por causa fidelidade na Palavra e na fé. A cruz, como meio da graça, é revelação de Deus na velação. Porquanto Cristo é defensor da pessoa órfã, desamparada, aflita. Pessoas presunçosas que creem ter acesso a Deus sem Cristo, o crucificado, têm vida e fé autoinovadas. Sem Cristo a fé não pode tornar-se aquilo que deve ser. Pela fé Ele habita na pessoa crente, cuja esperança não é vã, fútil, frustrada, inútil. Não há nenhum outro Salmo que, de modo tão próprio, abundante, claro, sucinto, objetivo descreva e signifique o caráter, os costumes, as obras, as palavras, a intenção, a sorte das pessoas incrédulas – que são sem Palavra e fé incomum. Ele, neste particular, é modelo e exemplar na descrição da imagem, semelhança, forma e perfeita essência e ser do ímpio e da impiedade em sua presença e ação. E isto é tão concreto que a pessoa piedosa, de vida cruciforme, que vivencia que, no mundo hostil a Cristo, o poder se coloca acima do direito, pergunta o que lemos no versículo um. Não obstante os questionamentos e as perguntas sôfregas do santo povo obediente em Jesus Cristo por fé é que Deus é junto a cada membro, corporeamente, via Espírito Santo. E, ouvindo a Palavra, em sua acepção pura, pessoas em quem os inimigos espirituais reinam incontestes podem, ainda, se arrepender e se penitenciar, e assim não ser condenadas e nem lançadas no inferno, ao fim. Povo da Palavra e da fé é e deve ser tal que não está entre amigos, mas, sim, entre inimigos, assim como Cristo, não para julgar e condenar mas para oportunizar a salvação de ouvintes crentes.

P. Airton Hermann Loeve

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com