SALMOS

Sl 6 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.

O Salmo seis é um Salmo de oração e lamenta sobre o sofrimento interno e acerca da real e secreta atribulação da consciência por causa de seus pecados. O salmista, não obstante pecador, se verifica ‘martirizado’ na fé e na esperança por causa da lei e da ira de Deus. Aparte da certeza do perdão dos pecados, isto o leva ao desespero ou à dúvida quanto à possibilidade de não ser perdoado por Deus, com quem está o perdão. Tais tentações internas incomuns da consciência atribulada e angústia do coração, que perde Cristo e Seus benefícios de vista, são significados, no Saltério, de vez em quando, como angústias mortais ou laços infernais, ou necessidade mortal ou medo infernal. Mas, não obstante, via Palavra e fé, no final, o Salmo indica que tal oração do salmista, em busca de perdão dos pecados, porque ele é sincero e verdadeiro em sua penitência, será atendida por Deus, por graça dEle, mediante a fé em Jesus Cristo, para alívio consolador de toda gente que está passando por ou vivencia também tentação incomum, para que não desesperem nela, de vez. E o Salmo pune, exortativo, os malfeitores, isto é, os falsos santos, que comumente odeiam pessoas atribuladas e angustiadas por causa de seus pecados, porque na dúvida perderam de vista a Cristo. Eis porque o conforto autoimputado da gente de Palavra e fé autoinovadas repousa em sua própria santidade externa, autobuscada e autoestabelecida sem a necessidade de Cristo, do ministério da pregação, da comunidade. E por isso mesmo os falsos santos, que muito brilham na aparência externa de piedade, não conhecem a aflição interna incomum dos verdadeiros santos, cujas consciências, de quando e vez, se verifica atribulada de modo incomum para que, doravante, passada, elas, por ação do Espírito, via Palavra e fé, se verifiquem ainda mais fortalecidos em Cristo. Por isso mesmo, os falsos santos, com razão, são identificados como os mais inimicíssimos inimigos da Palavra. E se encontram na fileira dos piores inimigos da fé, a que somente o Espírito gera e sustenta e galardoa, de fora, internamente, onde e quando aprouver a Deus Pai. O Salmo seis pertence ao primeiro e ao segundo Mandamentos, pois ele louva a luta da fé em DEUS, e ora contra o pecado e a morte eterna. E está contido na primeira petição do Pai Nosso, como todos os demais Salmos de oração que nascem e são verbalizados em realidades de tentação da fé, porque orar, sem grande rigor lexicográfico, é invocar e honrar o nome de Deus, em consonância com a Palavra e o puro e correto exercício legítimo do ministério da pregação. Uma é a oração que se faz por costume ou em busca de aplausos para a sua piedade. Outra e bem diferente é a que nasce e é verbalizada, sofregamente, em contextos de tentação incomum, de tribulação nas quais a alma pusilânime e o coração pávido cientes da ira de Deus buscam, já já, refúgio no Deus gracioso, mediante a fé em Jesus Cristo.

O Salmo seis é um Salmo peculiar, de difícil entendimento, porque foi inspirado e salmodiado para consolo das pessoas humildes de espírito que são martirizadas pelas pessoas que o mundo, o sangue, a carne, a razão significam, ajuízam e entendem serem grandes santos. O terceiro Salmo fala sobre perseguição por causa da Palavra e da fé, o quarto sobre atribulação incomum, e o quinto sobre heresia. Portanto, como gente temente a Deus e de coração piedoso, incumbida do ministério da Palavra, nos estados inseridos e inseparavelmente envoltos e imbricados em e por tentações, de todos os lados, não se pode dispensar a Palavra e a fé. E o presente Salmo salmodia sobre a tentação espiritual, que as pessoas de fé, ensino, confissão autoinovadas chamam de espírito de blasfêmia, porque, no externo, é como se o próprio Deus estivesse zangado com a gente que é veramente dEle. Sim, por vezes, à luz da razão e da inteligência é como se o próprio Deus, o SENHOR, estivesse irado, em caráter último. E, exprimido pela tentação espiritual até se poderia ajuizar que a presença e ação de Deus é injusta, quase que como se Ele fosse um diabo em relação às pessoas verdadeiramente santas em Cristo. A tentação espiritual é uma tentação da fé e da esperança, que faz com que se desespere de si mesmo, não obstante a confiança esteja colocada exclusivamente em Deus Pai, que se revela a nós, em e mediante Jesus Cristo, em cumprimento de Sua promessa.

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com