Era ano de 1998, doze anos atrás, também ano de eleições para presidente, senador, deputados federal e estadual, e governador. E, “bisbilhotando” os arquivos da Tribuna, encontro o Bate Papo Informal de Aramis Gorniski intitulado “Os candidatos e a geração de empregos” que vale ser republicado visto que muitas das promessas não mudaram, e até mesmo a percepção de grande parte da população no discernimento das informações.
Como estamos próximos às eleições 2010 e temos matérias nesta edição abordando o tema, é interessante refletirmos sobre este período, o que os políticos estão discursando e sobre as nossas atitudes perante isso.
Primeiro, relembre o Bate Papo de Aramis Gorniski:
“Está se fazendo uma grande confusão ao se ouvir os discursos dos candidatos ao governo, bem como dos candidatos a deputado, no que diz respeito à geração de empregos.
Os planos podem até existir, mas todos são imprevisíveis, isso por parte dos candidatos ao governo, mas totalmente demagógicos quando se trata de plataformas e promessas de candidatos a deputança.
Deputado não executa programas.
Executivo Estadual e Federal, sim, mas quando possuem verbas.
Os Estados estão falidos e suas capacidades de endividamento estão zeradas.
Só existe a possibilidade do alinhamento com o governo federal.
Mas este próprio governo sofre de miopia estratégica, pois o pacote de medidas para, supostamente, gerar empregos, mostra como o governo é superficial ou pouco corajoso.
Para gerar empregos é preciso dinamizar a economia nos setores com capacidade de absorver a mão de obra, isto é, o setor de serviços, as pequenas e médias empresas.
Os eleitores votaram no presidente por um programa de reformas.
Vamos parar de brincar. As empresas querem crescer, gerar empregos e renda.
Os empresários querem seriedade política e exigem que o governo ao menos reconheça a sua inoperância ao fazer mudanças que realmente interessam à sociedade.
Enfim, apesar dos pesares, vamos eleger os mesmos. Ou não?
De repente, tudo pode acontecer, né?”
Este foi o Bate Papo da edição 995, de 31 de agosto a 6 de setembro de 1998. Doze anos se passaram, algumas coisas mudaram. Mas as promessas e discursos, muitas vezes, permanecem os mesmos. No dia 17 de agosto iniciou a propaganda eleitoral gratuita pelo rádio e pela televisão. E há candidatos, como sempre, prometendo ações que não irão cumprir. Lá em 1998, o exemplo citado foi a geração de empregos. Hoje, podemos citar as promessas de candidatos defendendo a pena de morte, ou a prisão perpétua.
Ou, ainda, aqueles dizendo serem responsáveis por projetos criados por outros. Como é o caso de Nelson Justus, em sua propaganda eleitoral gratuita de rádio, divulgada na última semana. Em seu horário, afirmou ter sido responsável pela lei da transparência na Assembléia Legislativa do Paraná. Ele até pode ter votado a favor dela. Mas a idéia não partiu do Deputado.
A Associação Paranaense dos Juízes Federais (Apajufe), com o apoio da seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), foi responsável pela apresentação do projeto de lei que estabelece mecanismos para garantir mais transparência na administração pública do estado. Conhecida como Lei da Transparência, o projeto foi aprovado pela Assembleia em segunda votação no final do mês de agosto.
É preciso que eleitor fique atento ao que é dito pelos candidatos e, sempre que possível, busque formas de se informar sobre a veracidade das informações. O candidato foi realmente o responsável por determinado projeto? O que ele promete, há possibilidade de ser cumprido? Se o candidato pretende se reeleger, quais foram suas ações mais relevantes para a sociedade nos últimos anos?
E, repetindo a frase de doze anos atrás, finalizamos:
“Enfim, apesar dos pesares, vamos eleger os mesmos. Ou não? De repente, tudo pode acontecer, né?”
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“A campanha eleitoral sempre tirou algum entusiasmo às festas, ou antes, deu-lhes um caráter variado, porque exercer o direito de voto, também é celebrar a emancipação política.” (Machado de Assis)