Salmos

Sl 20 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.

O Salmo 20 é um Salmo de oração, que, propriamente, ora e intercede pelos ‘chefes’ de Estado, pessoas investidas de autoridade secular e de governo, enfim, por todas as pessoas do estamento secular, no sentido de que apraza a DEUS, lhes conceder graça para governar e reger pacificamente e para bem de todo o povo, e que tenham prosperidade e obtenham vitórias contra seus inimigos e adversários, gratuitos. Pois onde há um bom governo mundano civil e governamental, que se vale da razão simples e que exerce o poder de modo comedido e misericordioso, ciente de que precisamos de Jesus Cristo, do Evangelho, do Espírito, da fé, todo o povo vai bem, vive pacificamente e há paz nos seus ‘muros’. Onde isto não é o caso se deve orar por eles com tanto mais sinceridade e de coração. Pois todo povo e a nação sofrem quando se têm tolos e ineptos cegos no governo secular, que ousam governar e reger o país e o povo fundamentados em suas ‘próprias cabeças’. Se assim acontece, sem tardança, se verificará ausência de paz, justiça, verdade, e aí é difícil pregar e viver tendo a Palavra e a fé como regra e norma de conduta. O Salmo 20 pertence ao Quarto Mandamento, bem como integra todos os Salmos de oração, porque neles se invoca, legitimamente, o nome de DEUS em prol do que diz respeito ao regime e estamento seculares. Ele também está contido na terceira petição do Pai Nosso: que se faça a vontade de DEUS e, em absoluto, não a do diabo e nem de satanás. Em suma: o presente Salmo é uma convocação geral no sentido de que as pessoas tementes a Deus e de coração piedoso orem e intercedam pelas autoridades e pelas pessoas investidas de poder, de modo geral, no espírito do que lemos em 1Tm 2.1s. E isto em especial para que se possa, em toda parte, pregar a Palavra de Deus, lei e Evangelho, para salvação de quem crê e condenação de quem permanece, autoindulgentemente, impenitente e incrédulo. E porque ela notifica ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo, o povo da Palavra vivenciará, em toda parte, inimigos da piedade segundo Deus, e cruz e renúncia incomuns.

Todo o Salmo 20 expressa em quase todas as palavras que o ‘governante’ de um povo não deve ser presunçoso, e nem se embasar na sua força e capacidade beligerante, no governar; e que não confie em seus bens como seu deus e senhor, e nem ainda fundamente a paz em seus planos e vontades de fazer guerra, de acordo com a palavra do Salmo 33.16s.: “Não há rei que se salve com o poder dos seus exércitos; nem por sua muita força se livra o valente. O cavalo não garante vitória; a despeito de sua grande força, a ninguém pode livrar.”. Porque o socorro e a vitória devem ser suplicadas e vir do céu, sim, eles devem ser cridas e buscadas somente em Deus, o SENHOR, como Moisés lutou através da oração. Somente Deus pode conceder vitória, se Lhe aprouver. Veja Êx 17.11. A questão crucial é temer, amar e confiar em Deus acima de tudo, de todas as pessoas, de todas as coisas. Caso contrário, especialmente nas situações de perigo de vida e apertura se incorre em pecado contra Deus com superstição e crença equivocadas. E aí caso a pessoa investida de poder morrer, só podem estar perdida.

O presente Salmo ensina algo peculiar: que se confie em Deus, e que se faça o que nos é de precisão, caso tivermos certeza de que a nossa obra é agradável a Ele. Poucas, no entanto, são as autoridades que, humildes em seus corações, assim procedem, a saber: se encomendam, humildemente, à graça de Deus e fazem o que é de preciso, em nome dEle. Veja: Gn 27.36; 1Sm 14.6; 2Cr 14.11. Assim, no mesmo espírito, salmodia o salmista: “Não confio no meu arco, e não é a minha espada que me salva” – Sl 44.6. Veja também: Jl 3.5; Pv 18.10; Jr 9.11. Em suma: nos três estamentos, sem confundir e nem embaralhar o específico e próprio da Igreja e do Estado, é nosso dever, sempre, temer, amar, confiar em Deus, do lar ao governo.

P. Airton Hermann Loeve.

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com